Por Cate Cadell e Michael Martina
PEQUIM (Reuters) – As equipes da China e dos Estados Unidos encerraram nesta quarta-feira as negociações comerciais em Pequim que duraram mais do que o esperado e autoridades disseram que os detalhes serão divulgados em breve, levantando expectativas de que uma guerra comercial em larga escala possa ser evitada.
As discussões foram prorrogadas por um terceiro dia, mostrando “seriedade” de ambos os lados, disse o Ministério das Relações Exteriores da China.
Ted McKinney, subsecretário de agricultura dos EUA para Assuntos Agrícolas Externos e Comerciais, disse que a delegação norte-americana retornará aos EUA ainda nesta quarta-feira após “alguns dias bons”.
“Acho que foram bem”, disse McKinney sobre as negociações. “Foram boas para nós”, disse ele a repórteres no hotel da delegação, sem dar detalhes.
Falando à imprensa, o porta-voz do Ministério da Relações Exteriores chinês, Lu Kang, confirmou que ambos os lados concordaram em prorrogar as negociações além de segunda e terça-feiras, como marcado originalmente.
Questionado se isso significa que as discussões foram difíceis, Lu disse: “Só posso dizer que prorrogar as discussões mostra que os dois lados estavam de fato sérios em conduzir as conversas.”
As reuniões desta semana foram as primeiras presenciais desde que os presidentes Donald Trump e Xi Jinping concordaram em dezembro com uma trégua de 90 dias que afetou os mercados financeiros.
O editor de um jornal estatal chinês afirmou em uma publicação em uma mídia social acreditar que a China e os EUA divulgarão um comunicado na quinta-feira.
“Pelo que sei, as negociações comerciais, embora árduas, foram conduzidas em uma atmosfera agradável e sincera. Nenhum lado fez um anúncio, porque a delegação dos EUA está no avião agora”, escreveu Hu Xijin, editor do Global Times, publicado pelo oficial Diário do Povo, do Partido Comunista.
“Os dois lados divulgarão mensagens ao mesmo tempo na quinta-feira de manhã, horário de Pequim”, disse Hu.
O dia extra de negociações aconteceu em meio a sinais de avanço em questões como compra de commodities agrícolas e energéticas dos EUA e acesso melhorado a mercados da China.
Entretanto, pessoas familiarizadas com as negociações disseram à Reuters na terça-feira que os dois lados estão mais distantes na questão das reformas estruturais chinesas que a administração Trump exige para acabar com o suposto roubo e transferência forçada de tecnologia dos EUA.
Se nenhum acordo for alcançado até 2 de março, Trump afirmou que dará continuidade ao aumento das tarifas de 10 para 25 por cento sobre 200 bilhões de dólares em importações chinesas, no momento em que a economia da China está desacelerando com força. Pequim retaliou as tarifas dos EUA.