Por Jan Strupczewski
BRUXELAS (Reuters) – Aliados cruciais dos Estados Unidos expressaram preocupação nesta sexta-feira com o pedido de demissão do secretário de Defesa norte-americano, Jim Mattis, e as diretrizes do presidente Donald Trump que a causaram, elogiando Mattis por ser um parceiro comprometido.
Mattis anunciou na quinta-feira que estava deixando o cargo por ter se desentendido com Trump sobre a política externa do presidente, inclusive a decisão surpreendente de retirar tropas da Síria e os planos de uma ação semelhante no Afeganistão.
“O secretário Mattis fez uma contribuição essencial para manter a Otan forte e pronta para lidar com os desafios de segurança significativos que enfrentamos”, disse a porta-voz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Oana Lungescu. “Ele é amplamente respeitado como soldado e diplomata”.
A Europa considerava Mattis firmemente comprometido com a Otan, ao contrário de seu chefe. Trump alertou aliados europeus que os EUA podem retirar seu apoio da entidade a menos que seus membros invistam mais na defesa.
“Somos gratos pelo comprometimento firme dos Estados Unidos com a Otan. A liderança dos EUA mantém nossa aliança transatlântica forte”, disse Oana.
O ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt, líder dos progressistas no Parlamento Europeu, disse que a renúncia só tornou mais urgente para a União Europeia levar adiante seus planos de fortalecer os próprios recursos defensivos.
“Mattis segurava os piores instintos do presidente Trump e era um forte apoiador da Otan e do multilateralismo. Sua partida é uma má notícia, e parece que o plano de Putin está sendo cumprido”, disse Verhofstadt no Twitter, mencionando o presidente russo, Vladimir Putin.
A saída de Mattis também preocupou os aliados de Washington na região Ásia-Pacífico, que dão crédito ao general aposentado por criar confiança e moderar impulsos isolacionistas.
A região inclui Japão, Coreia do Sul e Austrália, grandes aliados dos EUA, e tem algumas das áreas de conflito mais voláteis do mundo, exemplificadas pela tensão da península coreana e o atrito causado pela militarização chinesa no Mar do Sul da China.
A renúncia também surpreendeu Cabul, onde o fuzileiro naval aposentado era visto como um fiador do engajamento norte-americano com o Afeganistão. As autoridades afegãs reagiram com preocupação aos planos de retirada de mais de 5 mil dos 14 mil soldados dos EUA no país.
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
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