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PF prende José Yunes e coronel Lima, amigos de Temer, em desdobramento de inquérito dos portos

Por Pedro Fonseca

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira o ex-assessor especial da Presidência José Yunes e o coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, ambos amigos próximos do presidente Michel Temer, aumentando a pressão sobre o presidente no âmbito do chamado inquérito dos portos.

Além deles, também foram presos o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, outro nome ligado a Temer, e Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa que opera áreas do porto de Santos que está no centro das investigações. Rossi foi presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o porto de Santos.

As prisões de Yunes, Rossi e Grecco foram confirmadas à Reuters por seu advogados, enquanto a detenção do coronel Lima foi noticiada pela Globonews. A emissora mostrou imagens do ex-coronel sendo escoltado por ao menos um agente da PF até uma ambulância na porta da sua casa em São Paulo.

Os mandados de prisão temporária e de busca e apreensão foram expedidos pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, informou em comunicado a Procuradoria-Geral da República.

“Como se tratam de cautelares que ainda estão em cumprimento pela PF, para embasar investigações em curso, o Ministério Público Federal (MPF) não divulgará, por ora, os nomes dos alvos dos mandados”, acrescentou a Procuradoria.

A Polícia Federal informou que não vai se manifestar “a respeito das diligências realizadas na presente data” por determinação do Supremo. Procurado, o STF não estava disponível de imediato para comentar.

O Palácio do Planalto não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a prisão de Yunes, que trabalhou como assessor de Temer de julho a dezembro de 2016, primeiro como chefe de gabinete adjunto e depois como assessor especial. Ele pediu demissão após ser citado em delação premiada como tendo recebido recursos irregulares em nome do presidente.

Questionado por repórteres sobre as prisões, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que se não for tratada com “parcialidade e sensacionalismo”, a operação não enfraquece o governo “porque o presidente Temer não tem nada a ver com isso”.

“É uma situação sobre a qual não temos ainda conhecimento dos motivos específicos que levaram a ela, mas o que nós temos é uma certeza: a de que o decreto dos portos não beneficia a Rodrimar. Essa certeza continua, então temos a mais absoluta convicção de que em havendo clareza e imparcialidade na condução das investigações, chegaremos a óbvia conclusão de que restará esclarecida a absoluta inocência do presidente sobre tudo isso”, disse Marun em Florianópolis.

O ministro acrescentou que ainda não tinha conversado com Temer sobre a operação.

Uma fonte próxima ao presidente disse à Reuters que sua defesa não via necessidade de uma reunião com Temer, já que ele não foi objeto de nenhuma ação na operação deflagrada nesta quinta-feira.

José Yunes, que é advogado, e o coronel Lima tiveram seus sigilos bancários quebrados pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso na mesma decisão em que foi decretada a quebra do sigilo de Temer no âmbito do chamado inquérito dos portos.

Nesse inquérito, Temer é investigado ao lado de aliados sob suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na edição do decreto para prorrogar os contratos de concessão e arrendamento portuários, que teria beneficiado a empresa Rodrimar S.A., que opera áreas do porto de Santos.

Também como parte dessa investigação, a PF enviou diversas perguntas a Temer no início deste ano, incluindo se ele sabia da entrega de valores pelo doleiro Lúcio Funaro a Yunes e se o presidente orientou Yunes e o coronel Lima a receberem os recursos e se o dinheiro foi usado por Temer.

No início de 2017, em entrevista à revista Veja, Yunes afirmou que teria recebido um “pacote” de Funaro, a pedido do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

“É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimidado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar”, disse o advogado José Luis Oliveira Lima, que representa Yunes.

O advogado de Rossi, Rafael Chiaradia, disse que seu cliente nunca sequer foi chamado para depor no inquérito dos portos e que desconhece as alegações para a prisão. “Acreditamos que a prisão é abusiva e vamos tentar todos os meios para revertê-la o mais rápido possível”, disse.

Não foi possível fazer contato com representantes do coronel Lima, enquanto o advogado de Grecco, da Rodrimar, disse que ainda não tinha detalhes sobre a prisão.

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito, em Brasília)

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