Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) – A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, abriu na manhã desta quinta-feira uma investigação preliminar a fim de avaliar se pede a federalização das investigações do assassinato da vereadora fluminense Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Pedro, ocorrido no Rio de Janeiro na véspera.
A intenção de Dodge, segundo uma fonte próxima a ela, é acompanhar as investigações feitas pela Polícia Civil do Estado sobre o assassinato e, em caso de eventuais falhas, pedir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que deixe a investigação a cargo de autoridades federais.
A procuradora-geral mudou sua agenda e seguirá para o Rio a fim de se reunir com integrantes do Ministério Público Federal do Estado que acompanham a apuração do assassinato.
Dodge também solicitou à Polícia Federal que realize investigações que julgar necessárias, com amparo na Constituição e numa lei de 2002 que permite a atuação da corporação quando houver um crime que tenha repercussão nacional e internacional.
A procuradora-geral da República, que também preside o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), expressou, em comunicado, integral apoio ao trabalho dos membros do MP do Estado do Rio, na pessoa do procurador-geral de Justiça Eduardo Gussen, no andamento das investigações.
“O Ministério Público está unido e mobilizado em torno do assunto. Foram designados a secretária de Direitos Humanos do CNMP, Ivana Farina, o secretário de Relações Institucionais do CNMP, Nedens Ulisses, e o secretário de Direitos Humanos da PGR, André de Carvalho Ramos, para se reunirem com o procurador-geral de Justiça Eduardo Gussen e autoridades do Estado para acompanharem o início das investigações”, disse a nota da assessoria de comunicação da PGR.
Durante a sessão no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) desta tarde, o vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz, aproveitou um julgamento sobre reserva de recursos para financiar campanhas das mulheres para fazer uma homenagem a Marielle.
“Uma semana após o Dia da Mulher, acordamos atingidos pelas balas que mataram a vereadora, mulher, negra, da comunidade que elevou sua voz para fazer silenciar as injustiças e foi silenciada covardemente”, protestou.
PEDIDO DO PT
Deputados petistas encaminharam à procuradora-geral da República um pedido para que as investigações do assassinato sejam federalizadas. O documento, subscrito pelos deputados Wadih Damous (RJ), Erika Kokay (DF) e Paulão (AL), citam o fato de que a vereadora vinha denunciando vários abusos de policiais contra moradores de favelas e bairros pobres, sendo possível, dessa forma, que agentes das forças de segurança estejam envolvidos no crime.
(Reportagem adicional Maria Carolina Marcello)