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Produtor de soja em Goiás prevê margem ainda menor após estiagem

Por José Roberto Gomes

MINEIROS, Goiás (Reuters) – Os sojicultores do sudoeste de Goiás, principal área produtora do Estado, não descartam margens ainda menores na atual safra, uma vez que as perdas de produção em razão do tempo quente e seco devem limitar o volume disponível para negócios.

Produtores do país todo já previam margens mais enxutas neste ano por causa de custos mais altos com fertilizantes e fretes, por exemplo, mas a situação é considerada agora menos atrativa em virtude da retração na colheita.

“A redução de safra, por si só, já reduz a nossa margem”, resumiu o produtor João Carlos Ragagnin, que cultiva 8,2 mil hectares em Goiás e deve, segundo seus cálculos, registrar rendimentos de 5 a 10 por cento mais baixos no ciclo vigente.

Técnicos do Rally da Safra, organizado pela Agroconsult, estão nesta semana em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, analisando lavouras e conversando com produtores. Por ora, as produtividades observadas são díspares, tendendo a serem menores ante 2017/18.

A própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma redução de mais de 4 por cento na safra de soja de Goiás, o quarto maior produtor nacional da oleaginosa, após o clima adverso. A produtividade deve cair cerca de 7 por cento, segundo o governo.

“Acredito que a margem será muito pouca. O custo de produção (por hectare) é de 45 sacas. Daí você soma o arrendamento, que é de mais de 12 sacas. Então você precisa de pelo menos uma média de quase 60 sacas por hectare”, calculou George Zaiden, produtor que cultiva 4 mil hectares com soja no Estado e não detalhou seus rendimentos neste ano.

Entretanto, o Rally da Safra, acompanhado pela Reuters, já observou lavouras com produtividades em torno de 50 sacas por hectare tanto no sudoeste goiano quanto no norte de Mato Grosso do Sul.

CUSTOS

A queda na produção veio se somar a outras componentes que têm pesado sobre as margens dos sojicultores de Goiás em 2018/19.

Conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), o Estado figura como um dos que mais viu aumentos de custos neste ano frente 2017/18.

Com sementes de soja, a alta foi de 43 por cento, e com fertilizantes, de 11 por cento. O custeio da lavoura nesta temporada no Estado foi 32 por cento maior, segundo a entidade.

“A logística do frete complicou”, destacou o sojicultor Eduardo Sandri, que plantou 1,7 mil hectares neste ciclo, referindo-se ao tabelamento de fretes, instituído pelo governo após a greve dos caminhoneiros.

Segundo ele, para se levar calcário, fertilizantes e demais insumos até a sua propriedade, em Mineiros, para as atividades de plantio de soja, a partir de outubro, houve um aumento de quase 30 por cento no valor do frete.

“Até devo colher o mesmo tanto, mas o custo foi mais alto”, destacou.

Levantamento feito recentemente pelo Itaú BBA mostra que a margem agrícola do sojicultor no sudeste de Mato Grosso, uma região próxima do sudoeste de Goiás, deve cair para cerca de 1.200 reais por hectare, de mais de 2.200 reais no ano passado.

Só a parte de custo agrícola deve subir de quase 1.900 reais para mais de 2.100 reais por hectare, na avaliação do banco.

(Por José Roberto Gomes)

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