Por William James
LONDRES (Reuters) – A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse neste domingo que o Reino Unido estará em território desconhecido caso seu acordo para o Brexit seja rejeitado pelo parlamento neste mês, apesar de poucos sinais de que ela tenha superado o ceticismo entre os parlamentares.
O Reino Unido deve deixar a União Europeia (UE) em 29 de março, mas a incapacidade de May até agora de conseguir que o acordo de saída seja aceito no parlamento vem alarmando líderes empresariais e investidores que temem que o país esteja a caminho de um Brexit sem acordo prejudicial.
A primeira-ministra afirmou que a votação no parlamento deve ocorrer em torno do dia 15 de janeiro, conforme esperado, contrariando notícias sobre um possível adiamento. May já adiou a votação uma vez, quando tornou-se claro que ela perderia a menos que garantias adicionais da UE fossem acordadas.
Descrevendo o que ocorreria casso fosse derrotada, May disse à BBC: “Estaremos em território desconhecido. Eu não acho que alguém possa dizer exatamente o que acontecerá em termos da reação que veremos no parlamento.”
Em meio a incertezas sobre os próximos passos do Reino Unido – que variam desde uma saída sem acordo à permanência no bloco europeu -, uma pesquisa mostrou que mais britânicos querem ficar na UE do que sair.
O próprio partido de May está dividido em relação ao acordo desenhado pela primeira-ministra, com muitos temendo que uma política para evitar o ressurgimento de uma fronteira dura entre Irlanda e Irlanda do Norte possa deixar o Reino Unido sujeito a regras da UE indefinidamente.
Um dos que lideram essa oposição a May é o parlamentar Jacob Rees-Mogg, que disse em entrevista a um jornal ser uma “ilusão” que o recesso do parlamento durante o feriado de Natal pudesse persuadi-lo a mudar de ideia e apoiar o acordo.
TRABALHO A SER FEITO
Com o debate parlamentar sobre o acordo de May prestes a começar em 9 de janeiro, a primeira-ministra disse que ainda havia trabalho a ser feito para conseguir as garantias sobre o apoio da UE.
Ela ainda prometeu que o parlamento teria mais voz no resto do processo de saída da UE e alertou que rejeitar seu acordo poderia impedir o Brexit.
“Não deixe a busca pela perfeição tornar-se o inimigo do bem, porque o perigo aí é na verdade terminar sem qualquer Brexit”, afirmou May. Ela não respondeu se, caso derrotada, faria uma segunda tentativa de aprovar o acordo no parlamento.
May também não afirmou diretamente, ao ser questionada, se estava conduzindo o país para um Brexit sem acordo, mas repetiu suas objeções a uma nova consulta à população sobre o tema.
Ela afirmou que um segundo referendo seria divisivo e desrespeitoso com aqueles que votaram para deixar a UE na votação inicial, destacando ainda a falta de tempo para um novo referendo.
“Praticamente, na verdade não se conseguiria um referendo a tempo antes de 29 de março –estaríamos falando em prorrogar o Artigo 50”, disse May, referindo-se ao aviso de saída dentro de dois anos enviado pelo Reino Unido à UE em março de 2017.
(Por William James)
(Reporting by William James; Editing by Toby Chopra)