(Reuters) – Em sua última reunião ministerial no cargo, o presidente Michel Temer lamentou nesta quarta-feira a não aprovação da reforma da Previdência durante seu governo, afirmando que o projeto só não passou pelo Congresso por conta de uma “trama”, mas disse que a questão segue na pauta política do país e será aprovada sem a “menor dúvida”.
Temer lembrou episódio em que foi gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, no âmbito de um acordo de delação premiada fechado pelo executivo com a Procuradoria-Geral da República em maio do ano passado, que resultou na apresentação de denúncias contra o presidente.
Na época a reforma da Previdência tramitava no Congresso e parecia estar a caminho de ser votada, mas o projeto ficou paralisado à medida que o governo precisou enfrentar votações na Câmara para derrubar as denúncias contra Temer.
“Só não foi possível (aprovar a reforma da Previdência) porque houve uma urdidura, uma trama de uma tal natureza, trama que foi depois desvendada, ou seja, os meus detratores, aqueles que urdiram a trama, acabaram presos”, disse Temer na reunião ministerial, que foi transmitida pela emissora estatal NBR.
“Mas, digo eu, quem é que colocou a reforma da Previdência na pauta política do país? Ela pode ter saído, digo com frequência, da pauta legislativa, mas não saiu da pauta política. Não é sem razão que o que mais se fala agora é precisamente o momento em que se fará a reforma da Previdência, e ela será feita. Eu não tenho a menor dúvida de que isto será feito”, acrescentou.
Temer aproveitou a última reunião ministerial de seu governo para ressaltar resultados dos diversos ministérios, em especial na área econômica.
O presidente afirmou que se não fosse pela greve dos caminhoneiros, em maio deste ano, o crescimento do PIB de 2018 seria superior a 3,0 por cento, em comparação com o PIB em queda quando ele substituiu a presidente Dilma Rousseff, em maio de 2016, após processo de impeachment.
“Veja o avanço que nós demos e, de igual maneira, ainda neste ano, nós teremos um PIB positivo, sem embargo da greve dos caminhoneiros que, convenhamos, nós temos que apontar esse dado como um dado que dificultou naturalmente um PIB muito maior que poderia chegar a 3,0 por cento ou 3,2 por cento”, afirmou.
De acordo com pesquisa Focus do Banco Central desta semana, a expansão do PIB deste ano deve ser de 1,3 por cento.
Logo no início do encontro Temer brincou que sentirá falta do “Fora Temer”, frase utilizada pela oposição em especial logo após ele ter substituído Dilma, e também minimizou a baixa popularidade apontada pelas pesquisas, dizendo que teve uma melhor de 100 por cento ao sair de 4 por cento de aprovação para 8 por cento.
“Até vou sentir falta do ‘Fora Temer’. Agora estarei fora mesmo, mas levou tempo, levou 2 anos e 8 meses”, disse.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)