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Por Ricardo Moraes e Jake Spring
BRASÍLIA (Reuters) – Agentes de órgãos ambientais que atuam nas profundezas da floresta amazônica desativaram uma mina ilegal em uma operação realizada de madrugada no início de novembro, parte de uma campanha para coibir atividades ilegais que grupos ambientalistas dizem ter alcançado uma escala epidêmica.
A operação visou um punhado do que hoje se sabe serem centenas de minas ilegais na Amazônia brasileira, que foram catalogadas pela primeira vez em um estudo divulgado nesta semana.
O projeto, coordenado pelo Instituto Socioambiental, mapeia todas as minas ilegais da floresta amazônica, que se estende por Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia.
Enquanto helicópteros do governo desciam ao longo de um rio que foi reduzido a poças devido à ação danosa de mineiros em busca de ouro, muitos destes fugiam mata adentro.
Pouco depois meia dúzia deles foi detida por agentes camuflados com metralhadoras para serem interrogados.
O verdadeiro alvo não são os mineiros sujos de lama e muitas vezes descalços que trabalham quase como escravos para chefes locais desconhecidos, de acordo com agentes do Ibama.
Segundo o Ibama, o alvo primário são as escavadoras e outras máquinas pesadas que são caras e mais difíceis de substituir.
Incapazes de remover as máquinas, os agentes as incendeiam, criando colunas de fumaça negra de centenas de metros.
As operações do mês passado visaram várias minas ilegais em dois parques nacionais da Amazônia brasileira. Esta batalha foi vencida, mas o estudo desta semana indica que a guerra está longe de terminar.
O Brasil abriga 453 minas ilegais na Amazônia, de acordo com um projeto de mapeamento que é parte da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georeferenciada, um empreendimento conjunto do Instituto Socioambiental e de outros grupos ambientalistas.
A primeira tentativa da história de mapear todas as minas ilegais da região registrou 2.500 delas em seis países da região amazônica, disse a coordenadora Alicia Rolla.
Uma meta do projeto é chamar atenção para a escala “epidêmica” do problema da mineração ilegal, que polui a água de comunidades locais com mercúrio e contribui para o desmatamento, segundo ela.
“Os estudos mostram que a mineração ilegal está crescendo muito”, disse. “O governo precisa se preocupar mais em dar mais recursos para o Ibama fazer o seu trabalho”.