Enquanto os cientistas ainda tentam entender a variante supertransmissível e menos fatal ômicron, são registrados casos de flurona, a contaminação simultânea com influenza (H2N3) e covid, e foi atingido o recorde mundial de novos casos em 24 horas nesta terça-feira (4), com 2,4 milhões registros. A maior marca anterior se deu na quinta-feira (30), com 1,95 milhão, indicando uma imensa nova onda. Antes, no auge das mortes pela pandemia, foram registrados 905.842 casos em 28 de abril. Nos últimos 7 dias, só no domingo (2) os casos ficaram abaixo de 1 milhão.
E para quem ainda tinha esperança de a pandemia estar em vias de acabar, pesquisadores da Universidade Aix-Marseille, no sudeste da França, estudam o surgimento de uma nova variante, provisoriamente denominada IHU, em referência ao local onde foi identificada, o IHU Méditerranée Infection, de Marselha. A nova variante (oficialmente B.1.640.2) infectou 12 pessoas no país. Ainda não se conhece o seu grau de transmissibilidade e em quais pessoas pode desenvolver sintomas graves.
O estudo foi publicado na plataforma medRxiv para pesquisas ainda não revisadas, mostrando os resultados das análises dos pacientes que testaram positivo para o vírus. Nos testes de PCR foram detectadas 46 mutações em combinações atípicas. O paciente zero é um adulto vacinado que na primeira quinzena de novembro voltou de uma viagem a Camarões, na África Central. Três dias depois, ele desenvolveu sintomas respiratórios leves. “Esses dados são outro exemplo da imprevisibilidade do aparecimento de variantes do SARS-CoV-2 e sua introdução em uma área geográfica específica do exterior”, explicou Philippe Colson, do IHU.
A possibilidade da novíssima variante ter surgido na África, assim como a ômicron, confirmaria os alertas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a necessidade de doações em massa de imunizantes. Como o continente registra o menor índice global de vacinação, suas populações podem ser atingidas por cepas mais agressivas que se alastrariam para o resto do mundo, tornando a pandemia ainda mais duradoura. A África possui apenas 9,29% (127,62 milhões de pessoas) de sua população de 1,37 bilhão plenamente vacinada e 5,04% (69,28 milhões) de atendidos com uma dose, mostra o site Our World in Data, com dados da Universidade Johns Hopkins. Em Camarões, a campanha é pior. Dos 27,2 milhões de habitantes, em 28 de dezembro, só irrisórios 2,42% (659,64 mil) estavam com ciclo vacinal completo e 0,64% (174,47 mil) tinham recebido a primeira dose.