A escolha de um companheiro de chapa exige cuidados, ainda mais em um país onde os vices assumem com uma regularidade maior que a desejada
Há uma polvorosa interminável sobre Geraldo Alckmin (PSB) ser o vice de Lula (PT) entre a esquerda. Na direita, ninguém tchuns sobre o provável novo vice de Bolsonaro (PL), o general da reserva e ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Braga Netto (PL). A escolha de um companheiro de chapa exige cuidados, ainda mais em um país onde os vices assumem com uma regularidade maior que a desejada. Sarney, Itamar e Temer não nos deixam esquecer
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Geraldo, o tucano virado em pseudossocialista, é uma alternativa mais robusta que a do finado José Alencar, vice de Lula em seus dois mandatos. Alencar deu legitimidade ao discurso de respeito ao tripé econômico estabelecido pelo PSDB de FHC sem fazer sombra jamais. O mesmo fez antes dele Marco Maciel (PFL), que instalado em gabinete no subsolo do Planalto, recebia todos os prefeitos e costurava as demandas menos cabeludas do baixo clero. De quebra, mostrava à direita que o antes subversivo professor de sociologia não seria um risco político. Temer fez o mesmo com Dilma no primeiro mandato, mas no segundo…
Cabo de guerra
Só que Lula precisa de mais que isso. Geraldo, antes visto como o inimigo figadal dos movimentos sociais, agora virado no meme Cheraldo – em alusão a Che Guevara –, precisa reabrir as portas ao PT junto ao setor produtivo. Isso enquanto o ex-presidente, agora com seus processados zerados, fala em “revogaço” de reformas. É um jogo de morde e assopra para apoiadores e opositores que por enquanto mantém Geraldo escondido atrás do chuchuzeiro. Ao chamar Lula de “companheiro” em um vento sindical, arrancou risadas à direita e sorrisos cínicos à esquerda.
Agora quase sacramentado, está na hora do vice arregaçar as mangas. As pesquisas indicam um empate técnico entre Lula, líder das intenções estimuladas de votos, e Bolsonaro. O papel do ex-tucano será afrouxar a rejeição contra Lula. Já o vice de Bolsonaro está lá só para mostrar que as Forças Armadas estarão com o atual presidente, que se comporta como representante sindical dos fardados.
A corrida eleitoral promete.