Pesquisa também mostra que criadores de políticas internas das próprias plataformas digitais poderiam ajudar a limitar o comportamento prejudicial
De acordo com uma pesquisa publicada na revista Information, Communication and Society, adolescentes que sofrem de “carência monetária” – eufemismo para famílias pobres – são mais propensos a se tornarem viciados em redes sociais como Facebook, Instagram e WhatsApp. O uso problemático dessas plataformas ainda não é reconhecido formalmente como um vício comportamental, porém é considerado como uma questão preocupante que afeta jovens.
Os resultados mostraram que existe uma ligação entre a desigualdade econômica e o uso desenfreado dos aplicativos de mídias sociais, assim como os apps de mensagens instantâneas. Essa situação se mostra pior dentro das escolas dos Estados Unidos e União Europeia, onde convivem colegas de turma com níveis muito díspares de riqueza e pobreza em uma mesma sala de aula.
A pesquisa também mostra que os criadores de políticas internas das próprias plataformas digitais poderiam ajudar a limitar o comportamento prejudicial dos jovens, incluindo padrões negativos, como ser incapazes de reduzir o tempo de tela sozinhos ou mentir para amigos e familiares sobre o uso das redes sociais.
Coordenadora da pesquisa e professora associada em psicologia, Michela Lenzi, da Universidade de Pádua, na Itália, disse: “Estas descobertas indicam as influências potencialmente prejudiciais da desigualdade escolar e nacional, sobre o uso problemático das mídias sociais pelos adolescentes”. E explicou: “Como continuam fechando as brechas digitais em muitos países, as desigualdades econômicas persistem e continuam sendo um determinante social robusto da saúde e do bem-estar dos adolescentes. As escolas representam um cenário ideal para fomentar comportamentos online seguros e prosociais”.
Os pesquisadores pediram às crianças que preenchessem questionários para que identificassem comportamentos de dependência ligados às redes sociais. Os formulários foram preenchidos de forma anônima enquanto eram supervisionados em sala de aula por um professor ou entrevistador treinado.
Esses dados foram cruzados com um índice baseado em bens materiais em casa ou em atividades familiares para calcular as escalas de privação. Os itens incluíam o número de banheiros e quantas férias familiares fora do país.