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Vitória de Lula foi a mais apertada da história

Com uma diferença de mero 1,76 ponto, resultado indica que o novo presidente terá que lidar com resquícios da polarização e um Congresso menos amistoso

Nunca na história do Brasil uma eleição foi decidida por uma margem tão apertada de votos. O petista Luiz Inácio Lula da Silva assume a Presidência da República pela terceira vez com seu pior desempenho nas urnas, com 50,88% dos votos válidos (60,11 milhões).

O resultado mais apertado até agora era o de Dilma Rousseff (PT), reeleita em 2014 com 51,64%, dando início a um segundo mandato sem apoio parlamentar consistente e erros na condução economia que acarretaram seu impedimento. A seguir veio Fernando Collor de Mello, que venceu em 1989 com 53,03%, contra 46,97% do próprio Lula. Em 2002, o petista foi eleito com 61,27% dos votos no segundo turno, angariando 60,80% em 2006.

Mas o que isso pode significar? O primeiro ponto a ser considerado na composição do próximo governo é a busca pelo consenso à governabilidade. Ou seja, atrair parte da base de apoio do agora derrotado Jair Bolsonaro (PL) para assim aliviar um Congresso pretensamente mais hostil que os anteriores foram aos governo do PT, principalmente no Senado.

Na Câmara, o novo governo e sua coligação somarão em princípio 153 deputados, perfazendo 30% das cadeiras, com o PT assumindo a segunda maior bancada, com 67 eleitos. O problema é que o PL de Jair Bolsonaro terá 99 vagas. Se ficasse no poder, o PL contaria com o apoio do União (59), PP (47), PSD (42), MDB (42), Republicanos (41), Patriota (4), Novo (3), Pros (3) e PTB (1), somando 347 votos. Boa parte dessa turma deve pular no colo de Lula a partir de janeiro, mas não há garantias. Um dos apoiadores de última hora seria Valdemar Costa Neto, o dono do PL, que pode descartar Bolsonaro em nome do pragmatismo – e cargos e verbas. O MDB já sinaliza com a adesão desde que liberou sua bancada, mas sua candidata Simone Tebet ficou com Lula. São fatores que podem ajudar a eleger um futuro presidente da casa com um perfil conciliador.

No Senado, o quadro pode ser pior. Lula terá que lidar com inimigos, como o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), o próximo ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e o ex-ministro da Ciência e da Tecnologia Marcos Pontes (PL). A maior bancada será do PL, com 13 senadores, seguido de União (11), MDB (10), PSD (10) – o PT terá (9). Dos 81 senadores, só 14 serão de bancadas do campo da esquerda. Mesmo com a adesão dos 10 senadores do MDB, o futuro governo poderá ficar limitado se o próximo presidente da câmara alta não for um conciliador como o atual Rodrigo Pacheco (PSD-PSD).

Pelo menos com o inevitável desarme da pauta bolsonarista do desmate e do armamento, a bancada no espectro à direita, mesmo que em parte desalinhada com a pauta liberal, bem poderia fazer contrapeso aos inevitáveis arroubos intervencionistas de um quinto governo petista. Em nome da governabilidade, há espaço para essa discussão se a toxidade for deixada de lado junto com o fisiologismo e a corrupção.

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