Candidato da esquerda lideraria por 23 mil votos em vez de ser derrotado por 25 mil. À direita, 18 mil apertaram 22, de Bolsonaro, em vez de escolherem Nunes ou Marçal. Reverter erro e reduzir a gigantesca abstenção entrará nas estratégias de campanha
Um levantamento do jornal O Globo junto ao Registro Digital de Voto, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), descobriu que uma massa de 48,1 mil votos nulos impediram que o prefeitável de São Paulo, deputado Guilherme Boulos (Psol), chegasse ao segundo turno em primeiro lugar perante o prefeito Ricardo Nunes (MDB), No domingo (6), Nunes venceu por uma diferença apertada de 25.012 votos o primeiro turno, mas ficaria para trás, superado por 23 mil votos.
A diferença é irreversível na Justiça Eleitoral. Por engano e falha na comunicação da campanha de Boulos, cujo registro é 50, esses eleitores votaram no 13, o número do PT. Ao confirmarem a opção na tela da urna eletrônica, anularam a escolha, impedindo a vitória do segundo colocado.
Além do 13, outros 18 mil eleitores votaram no 22 a prefeito, que é o número do PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não foi possível determinar para quais candidatos seriam direcionados os votos, já que Ricardo Nunes (15) e Pablo Marçal (PRTB, número 28) disputaram as preferências da direita. Se todos fossem para Nunes – uma improbabilidade, já que Marçal atraiu o bolsonarismo raiz -, a vitória de Boulos seria por míseros mil votos.
De acordo com o TSE, entre os nulos, o voto no número petista só perdeu para aqueles que votaram no 00 – cerca de 258 mil eleitores. Foram registrados 422.802 votos nulos, que perfizeram 4,54% do total.
A eleição em São Paulo contou com uma abstenção preocupante de 27,34%, com 2.548.857 deixando de comparecer às seções eleitorais. A busca por esses eleitores é primordial para Nunes e Boulos.
De acordo com O Globo, a Zona Eleitoral em que Boulos supostamente perdeu mais votos foi a de São Mateus, na Zona Leste, onde 1,3% dos eleitores apertaram 13. O psolista venceu naquela zona, que costuma ser reduto da esquerda. Na Cidade Dutra, na Zona Sul, onde a esquerda costumava ser dominante, foram registrados 1.797 votos (1,17% do total) no 13. A diferença poderia ter dado uma vitória apertada para Boulos, mas quem levou foi Nunes.