SÃO PAULO (Reuters) – O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, reafirmou nesta terça-feira que “não há hipótese” de retorno do imposto sindical, caso ele seja eleito na eleição de outubro.
Em evento na Câmara Americana de Comércio (Amcham) em São Paulo, Alckmin se disse favorável à reforma trabalhista, quando indagado sobre a medida, e negou a possibilidade de volta do tributo.
“Não há nenhuma hipótese de voltar imposto sindical. Nenhuma hipótese”, disse o tucano, sendo aplaudido pela plateia de empresários.
A volta do imposto sindical seria uma das condições para que Alckmin obtivesse o apoio do chamado blocão –grupo formado por PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade–, que na semana passada fechou um acordo para apoiar o tucano nas eleições.
Na sexta-feira, um tuíte no perfil do tucano descartou essa possibilidade. “Ao contrário do que está circulando nas redes, não vamos revogar nenhum dos principais pontos da reforma trabalhista. Não há plano de trazer de volta a contribuição sindical.”
Diante da reação do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, do Solidariedade, Alckmin admitiu depois a busca para uma alternativa para o financiamento dos sindicatos, segundo relato do próprio deputado.
Após a palestra aos empresários, Alckmin reiterou aos jornalistas que não há hipótese de retorno ao imposto sindical, mas disse que uma eventual contribuição aos sindicatos poderá ser decidida pelos trabalhadores.
“O que nós precisamos fazer? Fortalecer o Conselho Nacional do Trabalho, ter o marco regulatório e a contribuição sindical é um tema importante. Eu acho que vinculada à questão da convenção coletiva e à assembleia. Mas esse é um assunto dos trabalhadores. Os trabalhadores é que definem”, disse o tucano.
Alckmin também comemorou o acerto com o grupo de partidos do blocão, que lhe dará o maior tempo de TV na propaganda eleitoral, e rebateu adversários que chegaram a negociar com o blocão e o criticaram pelo acerto.
“É como o rapaz mal-educado que paquerou a moça, quis namorar a moça, levou o fora e saiu falando mal da moça”, comparou durante a palestra.
O apoio do blocão a Alckmin, fechado na semana passada, deverá ser anunciado oficialmente na próxima quinta-feira.
CONSTITUIÇÃO DETALHISTA
Aos empresários, Alckmin também fez a previsão que nenhum partido político terá mais que 10 por cento das cadeiras na Câmara dos Deputados, ao mesmo tempo que lembrou que reformas estruturantes –como a da Previdência e a política– são mudanças constitucionais e, para serem aprovadas, precisam de três quintos do total de votos em dois turnos na Câmara e no Senado.
Alckmin classificou a Constituição de 1988 como “detalhista” e disse que o texto teria sido diferente caso tivesse sido aprovado alguns anos depois, após a queda do Muro de Berlim. Ele propôs um desengessamento do texto constitucional.
“A gente propõe –não princípios, nem valores–, mas a parte de gestão a gente possa desconstitucionalizar. Ou seja, tirar da Constituição e colocar em lei complementar”, afirmou.
“O nosso tempo é o tempo da mudança, e da velocidade da mudança, então você tem que ser muito rápido.”
O tucano voltou a dizer que, se eleito, prefere usar o capital político conquistado na eleição para aprovar mudanças estruturais nos primeiros seis meses de mandato e disse que essas reformas podem tramitar simultaneamente no Congresso.
(Reportagem de Eduardo Simões)