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Alvaro Dias critica acampamento pró-Lula, cita Bíblia em sabatina e defende direito a porte de armas

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) – O pré-candidato do Podemos à Presidência, senador Alvaro Dias, classificou nesta segunda-feira de “provocação” e de “afronte à legalidade democrática” o acampamento de simpatizantes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba, citou a Bíblia ao criticar o atual modelo político e defendeu o direito de os cidadãos portarem armas.

Em sabatina promovida pela Folha de S.Paulo, pelo SBT e pelo portal UOL, Dias defendeu a “refundação da República” e, embora tenha adotado discurso que tem pontos de convergência com o do pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, negou se tratar de retórica eleitoral e garantiu serem essas suas convicções.

Indagado sobre sua posição a respeito dos tiros disparados contra a caravana no Paraná no final de março, o senador condenou os disparos, mas disse que houve provocação dos petistas.

“O (ex-)presidente da República é condenado e preso. Obviamente que qualquer manifestação de natureza política implica provocação”, disse Dias a respeito do episódio contra a caravana.

“É claro que eu não concordo, não compactuo com isso (tiro), mas houve a provocação. Você pode achar desproporcional a reação, e eu também acho. Agora, não posso ignorar que houve provocação”, disse.

Questionado sobre se o acampamento nos arredores da sede da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula está preso, também é uma provocação, o pré-candidato do Podemos foi além. O local também foi alvo de disparos e uma pessoa foi baleada.

“Eu acho que é uma provocação. Não concordo com os tiros, mas é uma provocação, se instalar ali, inclusive conturbando o ambiente da região, invadindo a privacidade das pessoas”, afirmou.

“E da forma como aquilo é colocado, é mais que uma provocação. É um acinte, é um escárnio, é uma afronta à legalidade democrática.”

Durante a sabatina, o pré-candidato do Podemos citou algumas vezes a defesa da família, disse que o Brasil é uma “nação cristã”, defendeu que militares sejam julgados em tribunais militares e disse que os policiais não podem ser “acossados” por aqueles que querem puni-lo quando é obrigado a usar a violência.

Dias fez ainda o diagnóstico de que a “a autoridade se afrouxou” no Brasil e defendeu o direito de os cidadãos portarem armas de fogo para legítima defesa.

INCONSCIENTE COLETIVO

O senador disse que, se eleito, irá romper com o modelo político atual que chamou de um balcão de negócios por votos no Congresso, afirmando que já fez isso quando governou o Paraná entre 1987 e 1991.

“Está no inconsciente coletivo este movimento de mudança e quem resistir a ele será atropelado, será esmagado”, avaliou, antes de citar uma passagem bíblica para afirmar que conhece bem o modelo político atual.

“Eu conheço esse monstro nas suas entranhas e não gostei de conviver com ele. Aliás, no Velho Testamento, Jonas também não gostou de morar na barriga da baleia”, disse em referência à passagem bíblica sobre um profeta que chegou a ser engolido por uma baleia após desobedecer uma ordem de Deus, arrependendo-se depois e sendo salvo por Deus das entranhas do animal.

Dias disse que nos primeiros 100 dias de governo, se eleito, elaborará as “reformas essenciais” ao país e as apresentará à sociedade. Só com apoio da população, disse, é que as levará ao Congresso.

Entre as reformas, ele citou a política e a da Previdência. Sobre a reforma trabalhista, feita no governo do presidente Michel Temer, disse que ela gerou mais conflito entre empregados e patrões e defendeu que a reforma poderá ser reformada.

A respeito da reforma tributária, defendeu a simplificação do sistema e sinalizou que, num eventual governo seu, as mudanças podem incluir a volta de um imposto sobre movimentações financeiras.

“Nós precisamos simplificar o modelo. Podemos discutir a hipótese do imposto quase único, e nesse caso você poderia adotar o imposto de movimentação financeira, mais o Imposto de Renda para altos ganhos e o Imposto de Importação para proteger a produção nacional”, disse.

Dias voltou a descartar uma aliança eleitoral com o PSDB, ao qual o senador foi filiado por duas vezes, que tem como presidenciável Geraldo Alckmin.

“Eu descarto qualquer composição com o PSDB, porque o PSDB é sustentáculo do sistema que eu estou combatendo”, disse o senador.

De acordo com pesquisa Datafolha, divulgada em meados de abril, Dias chega a 5 por cento das intenções de voto no seu melhor cenário. Na Região Sul –o parlamentar representa o Paraná no Senado– chega a 16 por cento da preferência. Justamente esse desempenho de Dias no Sul, que em eleições anteriores votou majoritariamente em candidatos do PSDB, tem sido apontado como um dos obstáculos a Alckmin.

Após a sabatina, ele sinalizou a jornalistas que há conversas com o DEM, que lançou a pré-candidatura do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), e com o PRB, que lançou o empresário Flávio Rocha. Ele não quis, no entanto, dar detalhes do estágio das conversas.

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