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Desmatamento no mundo em 2017 atinge área do tamanho da Itália, diz estudo

Por Alister Doyle

OSLO (Reuters) – O mundo perdeu cobertura vegetal de tamanho equivalente à Itália em 2017, uma vez que florestas foram queimadas para ceder terreno para fazendas da Amazônia à Bacia Congo, de acordo com levantamento de uma rede independente de monitoramento de florestas divulgado nesta quarta-feira.

A perda de cobertura vegetal, principalmente nos trópicos, totalizou 294.000 quilômetros quadrados no ano passado, pouco abaixo de um recordo de 297.000 quilômetros quadrados registrado em 2016, de acordo com a Global Forest Watch, entidade administrada pelo norte-americano World Resources Institute (WRI).

“Florestas tropicais foram perdidas a uma taxa equivalente a 40 campos de futebol por minuto” em 2017, disse Frances Seymour, do WRI, em entrevista coletiva durante o fórum de Oslo sobre florestas tropicais, com 500 especialistas.

O ministro do Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, disse que o ritmo do desmatamento florestal foi “catastrófico” e ameaça os esforços para reduzir o aquecimento global. As árvores absorvem o dióxido de carbono do ar enquanto crescem, e o liberam quando são queimadas ou apodrecem.

“A destruição florestal está impulsionando as mudanças climáticas”, disse. A Noruega investiu cerca de 2,8 bilhões de dólares em projetos de preservação florestal nos últimos 10 anos –mais do que qualquer outro país rico.

Brasil, República Democrática do Congo, Indonésia, Madagascar e Malásia sofreram as maiores taxas de desmatamento em 2017, afirmou o Global Forest Watch, com base em dados de satélite coletados desde 2001.

O estudo omite, entretanto, quanto a plantação de novas árvores ou o crescimento natural compensa as perdas.

“Vastas áreas continuam a ser desmatadas para soja, pecuária e óleo de palma e outras commodities comercializadas globalmente. Muito desse desmatamento é ilegal”, disse Seymour.

Em 2017, o Brasil perdeu 45 mil quilômetros quadrados de cobertura vegetal, uma queda de 16 por cento frente a um recorde estabelecido em 2016.

Justin Adams, do grupo ambiental Nature Conservancy, disse que apenas 3 por cento do financiamento público para reduzir mudanças climáticas foi destinado a soluções naturais como as florestas.

Ele argumentou que florestas bem administradas podem ser fonte de empregos e crescimento econômico.

A cobertura vegetal é, entretanto, apenas uma maneira de avaliar o estado das florestas no mundo.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) disse que o desmatamento de florestas em todo o mundo diminuiu para apenas 33 mil quilômetros quadrados líquidos por ano de 2010 a 2015, com as perdas anuais de 76 mil km quadrados compensadas pelo ganho anual de 43 mil km quadrados.

Entre as diferenças, a FAO considera que florestas onde árvores foram deliberadamente derrubadas para realizar novas plantações ainda são florestas. Já o Global Forest Watch registra as derrubadas como perda de cobertura vegetal.

Anssi Pekkarinen, autoridade florestal graduada da FAO, disse que seu método de identificar o uso subjacente da terra “fornece uma visão muito mais abrangente das florestas do mundo”.

(Reportagem de Alister Doyle)

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