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Em conversa com Haddad e Gleisi, Lula veta acenos a Ciro Gomes e reafirma candidatura

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em conversa com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o coordenador do seu programa de governo, Fernando Haddad, desautorizou tratativas com o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, e reafirmou que se mantém candidato, disse à Reuters uma fonte a par do assunto.

Lula, preso há 40 dias na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, recebeu Haddad pela primeira vez na quinta-feira, o tempo todo acompanhado por Gleisi. O ex-prefeito de São Paulo havia iniciado conversas com o PDT e o PSB sobre uma possível aliança de esquerda para as eleições deste ano, autorizado por Lula quando o ex-presidente ainda estava solto.

Lula, no entanto, nunca deixou que as conversas fossem além de uma aproximação inicial e não as levou para fora de um pequeno círculo de amigos mais próximos dentro do PT, segundo contaram à Reuters fontes ligadas ao partido. Agora, preso, o ex-presidente endureceu o discurso e disse a Haddad e Gleisi que não quer conversas de apoio a Ciro e reiterou que será candidato.

De acordo com a fonte, Lula ainda aposta nos dois recursos judiciais que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) para ser solto e em concorrer com base em uma liminar que suspenda os efeitos da lei da ficha limpa -que proíbe pessoas condenadas em segunda instância de concorrer a cargos eletivos- para que sua candidatura não seja impugnada.

Desde a prisão de Lula, cresce no PT o movimento de pessoas que pedem uma aliança de esquerda para essas eleições. Nas últimas semanas, os governadores do Ceará, Camilo Santana, e da Bahia, Rui Costa, manifestaram publicamente interesse em uma aliança com o pedetista. Ex-ministro e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner foi outro a defender publicamente a possibilidade do PT ceder a cabeça de chapa e apoiar outro nome nessas eleições, citando especificamente Ciro Gomes.

O pré-candidato do PDT chegou a dizer, em entrevista à Reuters, que uma chapa com Haddad como vice seria um “dream team”. No entanto, as dificuldades de relacionamento com o PT levaram Ciro a já procurar outros nomes para a vice-presidência, em uma aproximação com o PSB e até com o PP.

Depois da reunião com Lula, Gleisi marcou um encontro com os governadores petistas na próxima semana. A intenção é passar o recado do ex-presidente de que acenos a Ciro não são bem-vindos.

Parte dos petistas teme o isolamento do partido se continuar avesso a negociações e o risco ainda maior de perda de espaço, inclusive nos Estados, se o partido não negociar agora uma aliança.

A insistência da candidatura Lula é, no entanto, uma das estratégias de defesa do petista, inclusive para mobilizar a militância. E, sem o aval e a ordem do ex-presidente, as conversas iniciadas não vão adiante.

A Haddad o ex-presidente pediu que reforce o trabalho no programa de governo que, como o próprio ex-prefeito contou ao sair da visita a Lula, ele quer que seja “ousado”, em um sinal de que articulações para despojá-lo da posição de candidato petista não são bem-vindas.

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