BRASÍLIA (Reuters) – O pré-candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles, defendeu na noite de segunda-feira que o coorporativismo no funcionalismo público seja enfrentado, enquanto Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, classificou como essenciais uma reforma do Estado e um programa de privatizações.
Em encontro promovido pelo Centro de Liderança Pública (CLP), que também contou com a presença do pré-candidato João Amoêdo (Novo), os presidenciáveis defenderam ainda a meritocracia como um instrumento para a melhoria dos serviços públicos.
“Temos um outro problema na base do setor público que tem que ser enfrentado que é a questão do coorporativismo”, disse Meirelles. “Hoje o gestor enfrenta um problema concreto que é um determinado segmento, a categoria profissional de determinados setores do serviço público, que colocam o seu interesse fundamental no aumento –seja de salários, seja dos seus benefícios– não necessariamente vinculado ao desempenho”, argumentou.
“É uma negociação duríssima que se faz e tem que se enfrentar. Portanto, temos que quebrar essa estrutura”, disse Meirelles, que trabalha para ter sua candidatura chancelada pelo MDB na convenção nacional da sigla, na quinta-feira.
Alckmin, por sua vez, sustentou que um enxugamento da máquina pública e um “grande” programa de privatização colocarão o Estado na posição de “planejador, regulador, fiscalizador” para “caber no PIB”, e não na posição de “empresário”.
“Acho que essa é umas das questões centrais, que é o que a população quer: um Estado eficiente, que funcione e preste bons serviços à população e onerando menos o contribuinte”, disse o tucano.
“Temos um grande debate, aí, com a esquerda, porque eles entendem que tem que ser estatal; nós entendemos que tem que ser público.”
O presidenciável, que deve ter seu nome oficializado para concorrer ao Planalto pelo partido no dia 4 de agosto, reiterou a necessidade da profissionalização das agências reguladoras, que devem manter “mil quilômetros de distância” de partidos políticos.
Questionados sobre a reforma política, os candidatos criticaram o grande número de siglas e posicionaram-se favoráveis a mudanças no sistema proporcional. Para Alckmin, a fragmentação partidária traz risco para a governabilidade, e o tucano aproveitou para criticar o fato de muitos parlamentares se utilizarem do coorporativismo para se elegerem.
Na mesma linha, Meirelles se disse a favor do voto distrital e reconheceu que os eleitores em geral estão “desanimados com o sistema político como um todo”, enquanto Amoêdo defendeu o fortalecimento dos partidos como mecanismos de representação política.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)