Por Liz Hampton e Erwin Seba
SANTA FÉ, Estados Unidos (Reuters) – Autoridades do Estado norte-americano do Texas acusaram um estudante de 17 anos pelo assassinato a tiros de 10 pessoas, sendo nove alunos e um professor, em uma escola de ensino médio nesta sexta-feira, em um ataque similar ao massacre em um colégio na Flórida neste ano.
Alunos disseram que um atirador, identificado por autoridades policiais como Dimitrios Pagourtzis, abriu fogo em uma sala de aula na Santa Fe High School pouco antes das 8h, no horário local, desta sexta-feira, e que fugiram em pânico após verem colegas feridos e um alarme de incêndio provocar uma retirada completa. Dez pessoas ficaram feridas no ataque, disse o governador do Texas, Greg Abbott.
Abbott afirmou que investigadores haviam visto uma camiseta na página do suspeito no Facebook que dizia “Born to Kill” (Nascido para Matar).
Os colegas descreveram o suspeito como um estudante quieto, que guardava as emoções para si e jogava no time de futebol.
Este foi o mais recente em uma longa série de ataques mortais a tiros em escolas dos EUA. Dezessete adolescentes e funcionários foram mortos a tiros em fevereiro em uma escola em Parkland, na Flórida, em um massacre que aumentou o longo debate nos EUA sobre posse de armas.
O escritório do xerife do condado de Galveston identificou Pagourtzis e disse que ele foi acusado por assassinato. Mais acusações podem ser feitas.
Falando a repórteres antes de o jovem ser identificado, Abbott disse a repórteres que o suspeito pegou de seu pai uma escopeta e um revólver .38 e usou as armas no quarto ataque a tiros mais mortal em uma escola pública dos EUA.
“Não só ele queria cometer o ataque, mas ele queria cometer suicídio após o ataque”, disse Abbott, citando uma análise policial do diário do suspeito. “Ele não teve a coragem para cometer suicídio”.
Duas outras pessoas estão sob custódia, disse Abbott.
Investigadores estavam interrogando o suspeito, disse o diretor do Departamento de Segurança Pública do Texas, Steven McCraw.
Aparatos explosivos também foram encontrados na escola, localizada a cerca de 48 quilômetros de Houston, e nos arredores do campus, tuitou o xerife do condado de Harris, Ed Gonzalez.
A polícia realizava buscas em duas casas e em um veículo ligados ao suspeito, onde encontrou diversos aparatos explosivos de fabricação caseira, disse Abbott.
“O CARA ATRÁS DE MIM ESTAVA MORTO”
Courtney Marshall, uma caloura de 15 anos da escola, disse que o autor do ataque entrou atirando em sua sala de artes.
“Eu queria cuidar dos meus amigos, mas eu sabia que eu tinha que sair de lá”, disse Marshall, dizendo ter visto ao menos uma pessoa atingida. “Eu sabia que o cara atrás de mim estava morto”.
Orlando González disse que seu filho de 16 anos, Keaton, fugiu do ataque, mas que um de seus amigos foi baleado e ficou ferido.
“Eu fiquei muito preocupado, eu não sabia o que estava acontecendo… Eu quase não consegui dirigir”, disse González. “Eu só consigo imaginar pelo que ele está passando… Ele ainda está assustado”.
A escola possui 1.462 alunos, de acordo com dados da educação federal.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que o massacre escolar mais recente é “absolutamente horrível”.
“Meu governo está determinado em fazer tudo em nosso poder para proteger nossos estudantes, proteger nossas escolas e manter armas fora das mãos daqueles que impõem uma ameaça para si e para outros”, disse Trump na Casa Branca.
Dias após o ataque em Parkland, Trump disse que autoridades eleitas deveriam estar prontas para “lutar” contra a poderosa Associação Nacional do Rifle. Mais cedo neste mês, no entanto, ele apoiou o grupo, dizendo em encontro anual da associação em Dallas que “seus direitos da Segunda Emenda estão sob cerco”.
A Segunda Emenda da Constituição dos EUA protege o direito de posse de armas.
Nenhum grande controle federal de armas foi imposto desde Parkland, embora o governo esteja buscando uma proposta de proibição regulatória de “bump stocks”, que permitem que um rifle semiautomático atire uma rajada constante de tiros. O aparato foi usado no ataque a tiros em outubro de 2017 em Las Vegas que deixou 59 pessoas mortas, mas não foi usado em nenhum outro grande ataque em massa dos EUA.
(Reportagem adicional de Ernest Scheyder e Liz Hampton, em Houston; Gina Cherelus e Peter Szekely, em Nova York; e Mark Hosenball e Ian Simpson, em Washington)