Por Daniela Desantis e Mariel Cristaldo
ASSUNÇÃO (Reuters) – O candidato governista no Paraguai, Mario Abdo Benítez, um jovem conservador com laços com a última ditadura do país, venceu as eleições presidenciais no domingo com a promessa de manter o rumo econômico e atrair mais investimentos ao país.
Abdo, do governista Partido Colorado, tinha 46,46 por cento dos votos contra 42,72 por cento de seu principal rival, Efraín Alegre, da aliança oposicionista de centro-esquerda, com 98 por cento das seções eleitorais contabilizadas.
“O resultado é irreversível”, disse o presidente do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), Jaime Bestard.
A vitória de Abdo foi muito mais estreita do que o projetado pelas pesquisas eleitorais, assim como por algumas sondagens de boca de urna, e levou o adversário a não reconhecer a derrota.
Abdo, filho do secretário privado do ditador Alfredo Stroessner, que governou o Paraguai com mão de ferro por 35 anos até 1989, tornou-se candidato após vencer a poderosa corrente do atual presidente Horacio Cartes.
“Acabaram as divisões estéreis”, disse Abdo, de 46 anos no seu discurso de vitória diante de milhares de simpatizantes que agitavam bandeiras vermelhas e dançavam em frente à sede do partido.
“Nossas diferenças têm que servir para construir… nós somos construtores e sejam bem-vindos todos aqueles que querem construir uma pátria justa, uma pátria com igualdade, uma pátria com moral, com instituições fortes, independentes”, acrescentou o presidente eleito em suas primeiras palavras, recordando ainda seu pai, cujo túmulo ele visitou no domingo.
Abdo representa a continuidade e propõe impostos baixos e isenções para estimular o investimento estrangeiro e a produção agrícola do país, quarto exportador mundial de soja e importante produtor pecuário.
O ex-senador, educado nos Estados Unidos e conhecido como “Marito”, também disse que quer construir laços com a China sem comprometer o vínculo diplomático com Taiwan.
“Ele (Abdo) carrega o tema do seu passado, mas acredito que agora tem a oportunidade de demonstrar que é outra coisa e apostar mais pelo povo, investir mais em saúde, em infraestrutura. Acredito que ele vai nos mostrar algo diferente”, disse Lorena Ramírez, de 30 anos, que vestia uma camisa vermelha com a palavra “Marito”.