ROMA (Reuters) – Os italianos foram às urnas neste domingo em uma votação que pode levar a um impasse político após uma campanha eleitoral marcada pela raiva em relação à apática economia, o alto desemprego e a imigração.
Pesquisas de opinião previram que o partido de centro-direita do ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi e seus aliados de extrema direita emergirão como maior bloco no Parlamento, mas sem obter a maioria.
O Movimento 5 Estrelas, anti-establishment, parece posicionado para se firmar como maior partido único, alimentando-se do descontentamento pela corrupção arraigada e aumento da pobreza, enquanto o Partido Democrático (PD) de centro-esquerda, hoje no poder, é visto cambaleando em terceiro lugar.
A fortemente endividada Itália é a terceira maior economia dentre os 19 membros da zona do euro, e ainda que os investidores tenham estado otimistas antes da eleição, o impasse político prolongado pode reavivar a ameaça da instabilidade do mercado.
“Eu gostaria de ver os partidos trabalhando juntos para o bem do país … houve muita troca de insultos durante a campanha”, disse Luca Hammad, de 20 anos, enquanto deixava um local de votação em Roma.
“Eu espero que essas eleições tragam mudança para os jovens. Mesmo se você encontra um trabalho, os salários são tão baixos que dificilmente vale a pena trabalhar.”
No sinal mais recente de clima de divisão antes das eleições, algumas casas em Pavia, perto de Milão, foram marcadas durante a noite com adesivos que diziam “Aqui vive um anti-fascista”.
Movimentos neo-fascistas têm ganhado terreno na Itália, onde um simpatizante nazista feriu seis africanos no mês passado em um tiroteio.
Os locais de votação fecham às 19h (horário de Brasília), com as pesquisas de boca de urna saindo imediatamente após o fechamento. A eleição está sendo realizada sob uma complexa nova lei eleitoral que pode significar que o resultado final não ficará claro até a noite de segunda-feira.
A confusão por conta da nova lei levou a erros em 200 mil cédulas de voto que tiveram que ser reimpressas durante a noite em Palermo, onde alguns locais de votação atrasaram sua abertura em meio a protestos de eleitores.
A campanha marcou o retorno à linha de frente da política de Berlusconi, 81 anos, forçado a renunciar como primeiro-ministro em 2011 no auge de uma crise da dívida. Ele foi amplamente criticado após escândalos sexuais, problemas legais e de saúde.
Uma condenação por fraude fiscal em 2013 impediu que ele ocupasse cargos públicos e, por isso, Berlusconi apresentou Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu, como seu candidado a primeiro-ministro.
(Por Crispian Balmer)