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“Julgue-me”, diz suspeito de ataques em Paris durante julgamento na Bélgica

Por Julie Carriat e Philip Blenkinsop

BRUXELAS (Reuters) – O principal suspeito vivo dos ataques do Estado Islâmico de 2015 em Paris disse que não irá responder a nenhuma pergunta no tribunal, no primeiro dia de seu julgamento em Bruxelas, nesta segunda-feira, por envolvimento em uma troca de tiros com a polícia que antecedeu sua prisão na Bélgica.

Salah Abdeslam, que vestia uma camiseta branca e apareceu de barba e cabelos longos, um contraste com o homem barbeado e de cabelos curtos visto em cartazes de busca divulgados em toda a Europa durante os quatro meses que passou foragido, foi instruído pelo juiz a se levantar e dizer o nome.

O homem de 28 anos, que apareceu em público pela primeira vez desde os ataques de novembro de 2015 e de sua prisão em Bruxelas quatro meses depois, permaneceu sentado, cercado por dois policiais belgas.

“Eu não desejo responder perguntas”, disse Abdeslam.

Após a primeira sessão na qual seu suposto cúmplice admitiu ter lutado pelo Estado Islâmico e disse que os dois réus estavam presentes durante a troca de tiros com policiais belgas em março de 2016, o juiz pediu novamente que Abdeslam falasse.

Citando seu direito de permanecer calado e declarando sua fé muçulmana, ele acusou a mídia de condená-lo antes do julgamento: “Julgue-me. Faça o que quiser comigo”, disse ao juiz.

“Eu confio no meu Senhor”, afirmou. “Eu continuo em silêncio. Esse é um direito que eu tenho”, disse, acrescentando: “Meu silêncio não me faz um criminoso ou culpado. Estou me defendendo permanecendo em silêncio”.

O julgamento de Abdeslam na França só é esperado para o ano que vem.

Ele não foi acusado dos ataques de homens-bomba do Estado Islâmico em Bruxelas uma semana depois da troca de tiros e quatro dias antes de sua prisão — mas procuradores dizem que os ataques de 22 de março, que deixaram 32 mortos, foram desencadeados devido ao temor da célula terrorista de que Abdeslam pudesse revelar planos de um novo ataque contra a França se fosse interrogado.

(Reportagem de Alastair Macdonald)

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