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Jungmann considera “razoável” Temer se candidatar dependendo de melhora na área da segurança

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro Extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, admitiu nesta quarta-feira, em sua primeira entrevista coletiva, considerar razoável que o presidente Michel Temer se candidate à reeleição a partir de uma eventual melhora na área que passou a comandar.

“É dever do homem público atender as demandas populares. Se isso o beneficia, é uma questão secundária. Agora, se há um beneficio nesses termos é razoável que isso aconteça (se candidate)”, disse Jungmann.

Em duas horas de entrevista, o ministro apresentou uma série de iniciativas que pretende levar adiante na sua gestão. Ele classificou o tempo no ministério como “curto” e que a caminhada será árdua.

Inicialmente, Jungmann disse ter havido um acerto com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, para que os recursos para a área de segurança pública não sejam contingenciáveis, isto é, possam sofrer ao longo do ano restrições orçamentárias para a sua liberação.

Segundo ele, a pasta deverá ter 2,7 bilhões de reais em verba em 2018, recursos que serão deslocados da pasta da Justiça. Jungmann não fez, entretanto, anúncio de novos repasses –disse que isso deverá ser feito em breve pelo presidente Michel Temer.

O ministro disse, por exemplo, que pretende acelerar a construção de penitenciárias, se valendo até do programa de investimentos do governo federal, e também firmar parcerias com os Estados para a construção de presídios. A intenção é que as unidades da Federação terão de se comprometer com contrapartidas para receberem recursos.

Jungmann defendeu que, para conseguir a verba, em dois anos, não poderá haver mais de 2 por cento do efetivo total dos policiais em atividades administrativas. Ele citou o caso do Rio de Janeiro, que tem mais de 2 mil policiais em atividades internas ou até mesmo em outros órgãos.

O ministro também disse que vai trabalhar para aumentar o efetivo de policiais federais e de policiais rodoviários federais, com a realização, para cada uma das instituições, de concurso público para 500 novos integrantes cada. Ele também falou em aumentar o vídeo-monitoramento em rodovias federais e colocar policiais rodoviários federais para trabalharem na folga com o pagamento de bônus.

Entre uma das iniciativas para a área, Jungmann afirmou que vai consultar pessoas da sociedade civil e da área empresarial para ajudar na formatação de ações na área de segurança pública. Disse ter conversado, na manhã desta quarta, com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que, segundo ele, prontificou-se a ajudar.

LIBERDADE

O novo titular da Segurança Pública disse ter pedido a Temer, quando foi escolhido para o cargo, liberdade para montar a equipe. Ele evitou criticar diretamente Fernando Segovia, que demitiu do comando da Polícia Federal após se envolver numa série de polêmicas, entre elas indicar, em entrevista à Reuters, que um inquérito contra Temer tendia a ser arquivado.

Jungmann disse que conhece o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, há bastante tempo, citando o fato de terem atuado –ele como ministro da Defesa e o outro como secretário-executivo da PF– durante as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016.

Segundo o ministro, foi daí que surgiu uma admiração e proximidade, aspectos que ele precisa para montar a sua equipe. Ele disse que iria apresentar Galloro a Temer “logo mais” –sem precisar quando. O novo chefe da PF não esteve presente na coletiva.

Jungmann afirmou que vai receber indicações do novo comandante da PF para cargos da cúpula da corporação e vai analisar os nomes, se for o caso. Questionado se iria interferir nas nomeações, ele rebateu. Explicou que esse tipo de nomeações –para diretorias da polícia– passam pela Casa Civil e o presidente é quem toma a decisão.

LAVA JATO

O ministro garantiu que, na sua gestão, a operação Lava Jato terá todo o “nosso apoio”.

“Ela continuará a ser uma prioridade… juntamente com outras que são de responsabilidade da Polícia Federal”, disse.

Ele disse também, sem dar detalhes, que 20 delegados a mais serão deslocados para se juntar à equipe que investiga crimes de corrupção. Disse ter orientado Galloro a combater o crime e a corrupção.

BOMBA ATÔMICA

Jungmann justificou a decisão de o governo federal fazer uma intervenção federal na área de segurança pública do Rio de Janeiro.

Para ele, a situação daquele Estado –que passa por uma crise econômica, fiscal, moral e de segurança– exigia uma providência. E avaliou que não vê, apesar de situações graves em outros Estados, outro caso que demande uma intervenção federal.

O ministro até parafraseou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quando ele se referiu ao impeachment. “Impeachment é como bomba atômica, você tem, mas não usa”, disse.

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