(Reuters) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso há um mês na Polícia Federal em Curitiba, defendeu em carta enviada a prefeitos nesta terça-feira um estímulo ao mercado interno de consumo a partir do ano que vem e a revisão do teto de gastos públicos aprovado no governo do presidente Michel Temer.
Na carta à Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que nesta terça teve evento com vários pré-candidatos à Presidência em Niterói (RJ), Lula afirmou que “houve alguns desencontros e não foi possível a apresentação de um representante da candidatura do PT”, por isso enviava a carta.
O ex-presidente lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República na eleição deste ano, mas deve ficar impedido de entrar na disputa por conta da Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis condenados em segunda instância.
No documento, Lula tratou de quatro temas levantados pelos prefeitos: saúde e segurança, dentro do pacto federativo, combate à corrupção e economia.
“O governo vai precisar discutir novas fontes para financiar a saúde pública. E vai precisar discutir a revisão da PEC do teto dos gastos. Qualquer candidato que não enfrentar o problema da PEC do teto dos gastos estará enrolando os prefeitos e a população sobre como dar mais apoio aos municípios no financiamento da saúde pública”, escreveu Lula na carta.
O petista, que cumpre pena de 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, fez a avaliação de que a crise econômica decorre da crise política e defendeu estímulo ao mercado interno.
“Após as eleições precisamos, de forma responsável, reativar o mercado consumidor interno, o crédito e a capacidade de investimento do Estado. Com geração de oportunidades de emprego vamos abrandar a crise social profunda que o país passa e aumenta a insegurança, principalmente nas grandes cidades”, disse Lula.
Sobre combate à corrupção, o petista afirmou que “hoje é necessário que o combate à corrupção não seja desviado para perseguição política nem subordinado a lógica de parte da imprensa. As investigações não podem ser irresponsáveis, nem trocar o devido processo legal por shows de mídia para tentar destruir a reputação das pessoas e impedir adversários políticos de disputar eleições”.
Lula nega ser dono do tríplex, assim como quaisquer irregularidades, e afirma ser alvo de uma perseguição política promovida por setores da Polícia Federal, do Judiciário, do Ministério Público e da imprensa com o objetivo de impedi-lo de ser candidato.
O PT tem insistido na candidatura de Lula e reiterado que registrará a candidatura dele ao Palácio do Planalto até o prazo legal, que vence em 15 de agosto.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)