BRASÍLIA (Reuters) – O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, absolveu nesta quinta-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da acusação de tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato.
Lula havia sido acusado nessa ação pelo crime de obstrução de Justiça, com base em afirmação do ex-senador Delcídio do Amaral de que o ex-presidente teria determinado a ele que comprasse o silêncio do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
O próprio Ministério Público Federal (MPF) já havia pedido a absolvição de Lula nessa ação em suas alegações finais do processo, afirmando que não ficou comprovado que houve “uma orquestração geral para impedir que a Lava Jato avançasse”.
A defesa de Lula comemorou a absolvição e aproveitou para fazer uma crítica ao juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, que condenou o ex-presidente à prisão pelo caso do tríplex no Guarujá (SP).
“A sentença absolutória proferida em favor de Lula nesta data evidencia ainda mais o caráter ilegítimo das decisões que o condenaram no caso do tríplex. Enquanto o juiz de Brasília, de forma imparcial, negou valor probatório à delação premiada de Delcídio do Amaral por ausência de elementos de corroboração, o juiz de Curitiba deu valor absoluto ao depoimento de um corréu e delator informal para condenar Lula”, afirmou o advogado Cristiano Zanin Martins em nota.
Lula está preso desde abril em Curitiba cumprindo condenação por lavagem de dinheiro e corrupção no caso do tríplex.
O juiz Ricardo Leite também absolveu o ex-presidente do BTG Pactual André Esteves, que também havia sido citado por Delcídio como envolvido no caso e que chegou a ser preso.
A defesa de Esteves afirmou nesta quinta-feira, em nota assinada por seus advogados, que desde o início tinha “absoluta confiança na absolvição” e que a prisão inicial de Esteves era “completamente desnecessária e abusiva”.
Delcídio, à época filiado ao PT e líder do governo da então presidente Dilma Rousseff, foi preso em novembro de 2015 por causa de uma gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, na qual o então parlamentar ofereceu dinheiro, influência junto ao Supremo Tribunal Federal e até uma rota de fuga em troca do silêncio de Nestor Cerveró.
Na conversa, Delcídio citou Esteves como um dos interessados na compra do silêncio do ex-diretor.
Posteriormente, em acordo de delação premiada, Delcídio acusou Lula de ser o mandante da tentativa de comprar o silêncio de Cerveró e, assim, atrapalhar as investigações da Lava Jato.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)