BRASÍLIA (Reuters) – O ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à Presidência da República, Henrique Meirelles, defendeu nesta quarta-feira a autonomia das agências reguladoras para que não sirvam de instrumentos para arranjos políticos, e citou mudanças nas regras para a indicação de cargos de direção na Caixa Econômica Federal durante sua gestão no ministério como um exemplo do que deve ser feito.
“As agências não serão usadas simplesmente como arranjos políticos, mas sim para reduzir a incerteza regulatória, reduzir os custos do projeto, dar estabilidade de normas e garantir a racionalidade e a eficiência dos projetos”, afirmou, em fórum de mobilidade organizado pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).
Ele ressaltou, no entanto, considerar normal que partidos disputem posições na administração.
“A agência reguladora tem que seguir o exemplo do que nós colocamos no estatuto, por exemplo, da Caixa Econômica Federal, onde não existe limitação a alguém que tenha determinada simpatia ou determinada visão partidária ou política, mas ele ou ela tem que ter experiência profissional, integridade, competência comprovada, a partir daí, com independência de ação, a pessoa deve ocupar o cargo”, explicou.
BOA GESTÃO
Meirelles disse manter conversas com importantes legendas, principalmente do chamado blocão, e acreditar que há “uma possibilidade grande, sim, de chegarmos a algumas alianças importantes”.
Para rebater questionamento sobre os impactos da impopularidade do atual governo em sua campanha, Meirelles afirmou, em entrevista após participação no evento, que obteve bons resultados à frente da Fazenda e citou sua atuação como presidente do Banco Central durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Não há nada que substitua a boa gestão, a competência, a seriedade. Falatório, demagogia, gracinha, é interessante, nos diverte, etc, é muito agradável às vezes, mas não resolve o problema de ninguém”, afirmou.
O ministro apontou como fundamental para o setor da mobilidade sobre trilhos a estabilidade de regras no longo prazo e o incentivo a investimentos externos por meio de parcerias público-privadas. Ele propõe que sejam criadas mesas de diálogo entre os setores público e privado para discutir o tema e evitar o desperdício de recursos.
Também se colocou favorável a mecanismos que tragam segurança e garantias para o investimento privado e medidas que possam, em alguns casos, reduzir a carga regulatória e possibilitar uma desconcentração de investimentos.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)