BRASÍLIA (Reuters) – As bancadas do PT no Senado e na Câmara reafirmaram nesta quinta-feira, em nota, a defesa da candidatura à Presidência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há 40 dias na Superintendência da PF em Curitiba.
“Líder em todas as pesquisas eleitorais, mesmo depois de ter sido injusta e arbitrariamente condenado e preso, Lula representa a oportunidade de o Brasil reencontrar o caminho da democracia, da inclusão social, do diálogo, da soberania nacional, do crescimento econômico e da geração de empregos, garantindo a construção de um país mais justo e solidário”, diz a nota assinada pelos deputados e senadores do partido.
Os parlamentares do partido defendem ainda que as eleições de outubro deste ano só serão verdadeiramente democráticas com a participação de todas as forças políticas.
“Não podemos fazer concessões na luta em defesa da inocência e da manutenção dos direitos políticos de Lula”, diz o texto.
VISITA
Um dos nomes tratados como possível plano B do PT à Presidência -e também um dos principais articuladores de conversas do partido com outras siglas de esquerda- o ex-prefeito Fernando Haddad fez nesta quinta-feira sua primeira visita à Lula na prisão, acompanhado da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR).
Em entrevista depois de sair a PF, Haddad garantiu que não conversou com Lula sobre alianças ou outras candidaturas, mas apenas sobre programa de governo. O ex-prefeito, que coordena o programa de governo da candidatura Lula, diz que o ex-presidente está convicto da sua participação no pleito de outubro e pediu um programa de governo “ousado”.
“Nós estamos convictos das teses que o presidente Lula encarna, não há dissidência em relação a isso. Nós vamos negar o que as pesquisas indicam?”, disse Haddad.
Oficialmente, o PT defende a tese de que Lula pode ter sua candidatura registrada, apesar da condenação na Justiça, e concorrer e tomar posse com uma liminar. Dentro do partido, no entanto, há sim dissidências.
Alguns nomes fortes do partido já defendem internamente -e em alguns casos até publicamente, como fez o ex-ministro Jaques Wagner- que o PT precisa procurar alianças e até ceder a cabeça de chapa, se for o caso, para garantir uma frente de esquerda nessas eleições.
A posição, no entanto, é combatida por Gleisi e pela maior parte da direção do partido. Ficou nas mãos de Lula tomar uma decisão e, até agora, o próprio ex-presidente insiste em se manter candidato.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)