Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O Palácio do Planalto fez chegar ao diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, a insatisfação com as declarações em que o delegado indica a tendência de arquivamento do inquérito dos portos, no qual o presidente Michel Temer é investigado, mas a avaliação é que nada pode ser feito agora que não piore a situação, disseram à Reuters fontes palacianas.
Em entrevista na última sexta-feira, Segovia disse à Reuters que os indícios no inquérito eram muito frágeis, que o benefício à empresa Rodrimar não existiu e que até agora não apareceu nada “que desse base a realmente ter uma corrupção”. [nL2N1Q41M7]
Apesar da defesa do delegado e de suas declarações feita oficialmente pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun –escalado para falar pelo Planalto–, a entrevista foi considerada um tiro no pé desde o momento em que os auxiliares próximos do presidente viram seu conteúdo.
“A primeira reação foi ‘o que esse cara acha que está fazendo?’ Ninguém entendeu o que ele quis com aquilo”, disse uma das fontes.
Se a intenção era ajudar, a avaliação é que as declarações de Segovia não apenas trouxeram à tona um assunto que não estava mais nas primeiras páginas, como ainda tornaram mais difícil o arquivamemento sem parecer que houve uma interferência indevida nas investigações.
O Planalto ainda espera o clima esfriar e não planeja agir, a menos que a situação fique insustentável. A avaliação é que qualquer movimento agora poderia ser ainda pior e alimentar a crise. A expectativa é que as explicações que o diretor-geral vai dar ao ministro relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, na próxima segunda-feira, seja o último ato da crise.
Dentro da PF, no entanto, o clima continua agitado. Nesta quinta-feira, o grupo de delegados que atua em inquéritos perante o STF fez um memorando interno em que ameaça recorrer à corte para barrar uma eventual interferência em investigações. [nL2N1Q5176]