Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – Fernando Segovia não é mais o diretor-geral da Polícia Federal e será substituído pelo delegado Rogério Galloro, atual titular da Secretaria Nacional de Justiça, informou nesta terça-feira a assessoria de imprensa do recém-criado Ministério Extraordinário da Segurança Pública.
Segovia foi informado de que não seria mantido no posto em reunião com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, esta tarde.
A situação de Segovia, que assumiu o comando da PF em novembro, ficou abalada após entrevista à Reuters, antes do Carnaval, em que ele afirmou não haver indícios de crime cometidos pelo presidente Michel Temer no chamado inquérito dos portos. Na entrevista, Segovia indicava que a tendência era de arquivamento da investigação contra Temer.
Na mesma entrevista, o então diretor-geral disse ainda que o delegado responsável pelo inquérito, Cleyber Malta Lopes, poderia ser investigado por eventuais abusos nos questionamentos que fez ao presidente, se houvesse uma queixa formal sobre isso.
A reação à fala de Segovia foi dura. Relator do caso no Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso intimou o delegado a prestar esclarecimentos e determinou que não falasse mais no caso. Esta semana, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao STF novamente que Segovia fosse proibido de falar no assunto sob pena de ser afastado do cargo.
Mesmo no Palácio do Planalto a reação não foi boa. Apesar da defesa pública feita pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, das declarações de Segovia, a avaliação foi de que a fala do ex-diretor deixou o governo em situação difícil, já que tornou mais complicada o simples arquivamento do processo.
Na manhã desta terça, Segovia foi à posse de Jungmann como ministro da Segurança Pública. Ao final da cerimônia, cercado por jornalistas, o delegado se recusou a responder quaisquer perguntas alegando que tinha sido “proibido pela Justiça”.