Por Alexandra Ulmer e Shaylim Castro
CARACAS (Reuters) – A Venezuela confirmou a prisão de um parlamentar e ordenou a detenção de outro nesta quarta-feira, acusando políticos da oposição de planejarem o assassinato do presidente Nicolás Maduro com drones carregados com explosivos em um comício no fim de semana passado.
Dois drones explodiram durante uma parada militar no sábado, ferindo sete oficiais e fazendo com que soldados buscassem cobertura durante um discurso de Maduro transmitido ao vivo na TV. Maduro não ficou ferido.
O Tribunal Supremo de Justiça, pró-governo, informou nesta quarta-feira que o líder da oposição Julio Borges, ex-presidente do Congresso, estava envolvido no esquema e ordenou sua prisão. Borges, que está na capital colombiana, Bogotá, não respondeu imediatamente a pedidos de comentários.
Outro parlamentar, o ex-líder estudantil de 29 anos Juan Requesens, foi preso na noite de terça-feira, também em relação ao lançamento de dois drones DJI M600 repletos de explosivos C4.
“Eles são verdadeiros assassinos!”, disse Elvis Amoroso, vice-presidente da poderosa Assembleia Constituinte.
Autoridades forneceram evidências escassas que ligam os parlamentares ao incidente, além de uma suposta confissão transmitida na TV estatal.
Adversários do governo disseram que Maduro está usando o incidente para reprimir dissidentes e cimentar seu poder no país rico em petróleo, que sofre com escassez de alimentos, hiperinflação e frequentes cortes de energia.
“Este é um governo covarde que não cansa de perseguir, com mentiras, quem pensa de forma diferente”, tuitou o parlamentar da oposição Jorge Millan.
“EU NÃO SEI SOBRE AMANHÔ
A detenção de Requesens aumenta o escalão de ativistas da oposição forçados ao exílio, presos ou barrados da política durante uma repressão feita por Maduro, um ex-motorista de ônibus de 55 anos e ex-líder sindical eleito em 2013 para substituir o falecido Hugo Chávez.
“Muitos de nossos irmãos estão fora do país, muitos estão debaixo da terra porque foram mortos – porque você os matou, Nicolás!”, disse Requesens na terça-feira ao Congresso, liderado pela oposição, antes de ser preso à noite.
“Hoje posso falar com vocês aqui, mas eu não sei sobre amanhã”, acrescentou Requesens, que esteve frequentemente no fronte de grandes protestos contra Maduro em 2014 e 2017.
O pai de Requesens disse que a família não possuía informações sobre seu paradeiro, embora tivesse suspeitas de que ele estava preso na sede em Caracas da agência de inteligência Sebin. Alguns parlamentares se juntaram na frente da prisão nesta quarta-feira para exigir sua libertação.
Nesta quarta-feira, o procurador-chefe Tarek Saab disse que havia 19 pessoas ligadas ao ataque, com seis delas atrás das grades. As identidades não foram imediatamente reveladas e Saab não respondeu pedidos de maiores detalhes.
O governo informou que o incidente foi realizado por 11 homens recrutados durante manifestações anti-Maduro e treinados na fronteira com a Colômbia. Autoridades disseram que financistas em Bogotá e na Flórida prometeram ao grupo 50 milhões de dólares e permanência nos Estados Unidos em troca do assassinato de Maduro.
(Reportagem adicional de Deisy Buitrago, Andreina Aponte e Vivian Sequera)