Boletim de MR sobre medicina, inovação, saúde mental, negócios e políticas públicas
Reino Unido cria código para garantir pesquisa responsável em modelos sintéticos de embriões humanos
Em junho de 2023 um equipe de pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido anunciaram a criação das primeiros modelos sintéticos de embriões humanos. Feitos de células-tronco, eles imitam os processos biológicos de um embrião real, sem a necessidade de óvulos ou espermatozóides.
Para garantir que as pesquisas em torno deste modelo seja feito de maneira responsável, cientistas da da Universidade de Cambridge e do Progress Educational Trust, na Grã-Bretanha, criaram um código de prática.
As novas diretrizes estabelecem um comitê de supervisão que decidirá caso a caso por quanto tempo modelos de embriões específicos podem ser cultivados. Atualmente, eles podem permanecer até 14 dias em laboratório, mas muitos defendem um aumento neste limite.
Grávidas expostas ao calor extremo podem causar danos ao bebê
Estudo publicado no periódico científico BMC Pregnancy and Childbirth identificou que as altas temperaturas podem causar anomalias congênitas, hipertensão gestacional e baixo peso nos bebês, além de eles apresentarem maior risco de desenvolver cardiopatia, asma e pneumonia.
Uma das explicações é que o calor causa pré-eclâmpsia e diabetes nas mães, o que impacta diretamente o sistema nervoso dos bebês. Outra descoberta também foi o encurtamento dos telômeros da criança, “relógios biológicos” do DNA, o que pode limitar a expectativa de vida. O estudo também identificou que os efeitos negativos do calor são mais comuns em crianças do sexo feminino.
Estudo identificou porque algumas pessoas desenvolveram covid-19 e outras ficaram imunes à doença
Um estudo da University College London descobriu porque algumas pessoas desenvolveram a Covid-19 e outras conseguiram escapar da doença.
Voluntários saudáveis que não foram vacinados e sem histórico da doença foram expostos a uma pequena dose da cepa original do SARS-CoV-2. Eles foram monitorados em uma unidade de quarentena com testes regulares para estudar a resposta do vírus em um ambiente controlado.
Seis dos 16 voluntários desenvolveram COVID-19 leve típica, com sintomas parecidos com o de um resfriado. Outros dez não desenvolveram uma infecção contínua, o que sugere que eles combateram o vírus no início, três desenvolveram uma infecção “intermediária”, com testes positivos intermitentes e sete permaneceram negativos e não desenvolveram nenhum sintoma.
Os cientistas descobriram que os voluntários que não desenvolveram uma infecção sustentada tinham uma quantidade maior do gene HLA-DQA2, responsável por dar uma resposta de defesa antiviral no nariz e no sangue.
O que MR publicou
Joinville usa wolbachia contra a dengue
Joinville vai começar a usar bactéria wolbachia no combate à dengue
O município de Joinville, em Santa Catarina, vai começar a produzir mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria wolbachia, para ajudar a combater a dengue na cidade. A expectativa é iniciar a soltura dos primeiros mosquitos Wolbitos ainda no mês de julho.
A bactéria, que está presente em 60% dos insetos da natureza e não causa danos aos humanos, impede que os vírus, não só da dengue, mas de zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam nos insetos, contribuindo para redução das doenças.
IA tira dúvidas sobre dermatite
Um grupo de 11 professores ligados à International Society of Atopic Dermatitis (Isas), que conta com a participação de três médicas brasileiras, elaborou estudo baseado em inteligência artificial (IA) para abastecer o aplicativo ChatGPT com perguntas e respostas científicas sobre dermatite atópica, voltadas para a parte social.
Cada integrante do grupo elaborou dez perguntas e respostas para consultas de pacientes sobre a doença. O conteúdo do trabalho está à disposição de todos e não somente da comunidade médica e científica. As informações permitem à população em geral saber como se portar em situações relacionadas à doença.
Anvisa atualiza busca por similares
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou novas instruções para que pacientes e profissionais de saúde possam obter informações atualizadas sobre medicamentos similares intercambiáveis.
A legislação define como medicamento similar aquele que contém os mesmos princípios ativos, concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência. Ele pode ser diferenciado apenas por características como tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos.
Desde 2014, a agência publicava e atualizava uma lista de medicamentos similares intercambiáveis. O esquema, segundo a própria Anvisa, não era produtivo, já que a lista se torna ultrapassada sempre que um registro de medicamento similar é publicado – o que pode ocorrer quase toda semana.
Cobertura da BCG atinge 75%
Nos seis primeiros meses de 2024, 75,3% das crianças com menos de um ano de idade receberam a vacina BCG em todo o país. Usado para a prevenção das formas mais graves da tuberculose, o imunizante é um dos primeiros a serem aplicados nos recém-nascidos brasileiros.
Em todo o ano de 2023, a cobertura vacinal do imunizante foi de 79,1%, segundo dados preliminares do Ministério da Saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos países onde a tuberculose é frequente e a vacina integra o programa de vacinação infantil, mais de 40 mil casos anuais de meningite tuberculosa são evitados.