Boletim de MR sobre medicina, inovação, saúde mental, negócios e políticas públicas
Cientistas criam óvulos in vitro a partir da pele
A ciência se aproxima de superar as formas comuns de fertilização artificial para ajudar mulheres mais velhas ou inférteis por causa de doenças ou tratamentos de câncer a conceberem filhos biológicos. Uma nova tecnologia experimental tenta criar óvulos a partir de células da pele alteradas. O método é radical e pode levar uma década para ser aperfeiçoado e aprovado para testes em humanos. Nesta conta poderiam ser beneficiados até casais do sexo masculino a terem filhos geneticamente relacionados, uma vez que o DNA dos homens poderia ser combinado no óvulo fertilizado e gestado em uma barriga de aluguel.
“Se esta tecnologia se tornar clinicamente viável, tem o potencial para oferecer esperança a muitos pacientes que perderam gametas”, disse Aleksei Mikhalchenko, da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos. Os gametas são espermatozoides e óvulos. O estudo foi publicado na Science Advances. Os pesquisadores se valeram de um óvulo de camundongo que teve o núcleo removido e transferido para o núcleo de uma célula da pele de outro espécime. O material é então cultivado de forma a descartar naturalmente metade de seus cromossomos antes de ser fertilizado. “Os óvulos podem ser produzidos em questão de duas a três horas”, disse Mikhalchenko.
Teste de HPV pode antecipar diagnóstico em até 10 anos
O Ministério da Saúde anunciou a incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) de um teste inovador de HPV em mulheres. A tecnologia utiliza testagem molecular para a detecção do vírus e rastreamento do câncer do colo do útero. Uma das vantagens é estabelecer relação da infecção com outros tipos de câncer, como os de boca, vulva, pênis e canal anal. A tecnologia permite que a testagem seja feita apenas de cinco em cinco anos, enquanto o rastreio do HPV pelo método Papanicolau deve ser realizado a cada três anos. Professor e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o ginecologista Júlio César Teixeira conduz, há quase sete anos, um programa com o teste agora vai à rede pública. Hoje, 16 mulheres morrem por câncer de colo de útero no Brasil – uma a cada 82 minutos, com idade média de 45 anos. Para o especialista, a testagem, somada à vacinação precoce em adolescentes com até 15 anos, pode mudar o cenário de saúde pública, antecipando diagnósticos em até 10 anos. “Trouxemos esses cânceres para fase microscópica, ou seja, com tratamentos mais fáceis e próximos de 100% de cura”, afirma Teixeira.
O que MR publicou
- Casos de dengue dobram em São Paulo
- Anvisa aprova Spikevax contra variante kraken da covid
- Nicolelis comandará centro de neurotecnologia em Milão
- Concorrente do Ozempic quer revolucionar mais ainda o tratamento da obesidade
- Só 14,7% das vacinas para dengue foram aplicadas
- Dengue faz Natal decretar emergência
Anvisa tenta melhorar diagnósticos da dengue
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai priorizar, em caráter de urgência, todos os pedidos de registro de dispositivos de diagnóstico da dengue. A decisão foi tomada durante reunião da diretoria colegiada, nesta semana. A medida abrange as solicitações em andamento e também as que forem protocoladas nos próximos 60 dias. Segundo a agência, também terão prioridade pedidos de Certificação de Boas Práticas de Fabricação de testes, “garantindo a qualidade e a segurança desses produtos”, informa nota. Há também a possibilidade de comercialização de autotestes para a doença.
MG responde por um em cada três casos de dengue
O Brasil registrou, desde 1º de janeiro, 1.342.086 casos prováveis de dengue – desses, 464.223 foram reportados por autoridades sanitárias de Minas Gerais. Em primeiro lugar no ranking absoluto, o estado responde esta semana por praticamente um em cada três casos prováveis da doença contabilizados no país. Dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde mostram ainda que o coeficiente de incidência em Minas Gerais é de 2.260 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, atrás apenas do Distrito Federal, que tem coeficiente de 4.343 por 100 mil. A média nacional é de 660 casos para cada grupo. O cenário epidemiológico da dengue em Minas Gerais é consideravelmente pior que o de 2023. Os 464 mil casos prováveis nas primeiras semanas de 2024 já superam todos os contabilizados ao longo do ano passado, com 408 mil. Em 2023, o índice de incidência no estado era de 1.907 para cada grupo de 100 mil habitantes.
Também tem chikungunya no Sul do MG
Além dos 18 mil casos de dengue no Sul de Minas Gerais, esta semana houve 18 casos confirmados de chikungunya, somados às mais de 80 contaminações prováveis em investigação – e um caso de zika a ser investigado. A região é endêmica para essas três doenças.