Boletim de MR sobre medicina, pesquisa, inovação, saúde mental, negócios e políticas públicas
Teste caseiro para câncer de próstata pode aposentar agulhada
Pesquisdores do Institute of Cancer Research, de Londres, criaram um teste caseiro de saliva que parece ter um desempenho melhor na previsão do risco de câncer de próstata que os atuais testes de laboratório. O exame avalia 130 variantes genéticas para fornecer uma pontuação de risco para este tipo de tumor, que no Brasil e no Reino Unidos é a segunda causa mais comum de mortes por câncer em homens.

A novo teste é baseado na aplicação de uma descoberta anterior. Como foi determinado que a pontuação de risco poligênico é um prenunciador mais eficaz para câncer de próstata agressivo que os exames de sangue tradicionais, que medem os níveis da proteína antígeno prostático específico (PSA), se tornou possível avaliar com seriedade a mudança dos padrões de diagnóstico. O novo teste de saliva também identificou uma proporção maior de cânceres agressivos. Na pesquisa, dos 187 cânceres detectados, 55,1% eram agressivos, em comparação com 35,5% identificados por um teste de PSA.
Um grande mapa cerebral é desenhado

Pode parecer uma montagem representando grupos de galáxias nos confins do universo, mas é o pedacinho do cérebro de um roedor com suas terminações neurais. Esse é o resultado do mapeamento de um tecido menor que um grão de areia do córtex visual de um camundongo. O trabalho foi publicado na Nature. Os pesquisadores do projeto MICrONS (Machine Intelligence from Cortical Networks), que envolve as universidades de Princeton, o Instituto Allen e o Baylor College of Medicine, traçaram a estrutura de 84 mil neurônios conectados por meio bilhão de sinapses em uma rede de 5,4 km de extensão. O objetivo é mostrar os caminhos das “conversas ocultas” do cérebro. Foi usada inteligência artificial e aprendizado de máquina para reconstruir as células e conexões em um volume tridimensional. E qual a aplicação? “Se você tem um rádio quebrado e um diagrama do circuito, estará em melhor posição para consertá-lo”, disse Nuno da Costa, pesquisador associado do Instituto Allen. O MICrONS é considerado o experimento de neurociência mais complexo já tentado.
Nova abordagem para o câncer de pâncreas

Cientistas transformam o culpado genético da resistência ao tratamento do câncer de pâncreas em uma possível ferramenta eficaz, acreditam pesquisadores da City of Hope, uma das maiores organizações de pesquisa e tratamento da doença nos EUA. Um estudo de gastroenterologia publicado na terça-feira (8) mostra que os conflitos de transcrição-replicação (TRCs), que ocorrem quando os mecanismos de duplicação do genoma colidem, podem ser redirecionados por medicamentos específicos. Normalmente, o conflito interrompe a capacidade das células de ler e copiar genes, levando ao estresse de replicação, fenômeno frequente no câncer de pâncreas, permitindo que a doença se espalhe. A abordagem experimental adotada foi mais eficaz na eliminação de células cancerígenas com alto estresse de replicação. “Nosso estudo é o primeiro a confirmar a prova de conceito de que a exploração dessa brecha na armadura do câncer poderia fornecer um alvo terapêutico eficaz para os pacientes”, afirmou Mustafa Raoof, autor sênior do estudo.
O que MR publicou
BNDES, Butantan e Finep investirão R$ 200 milhões em startups de saúde

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação Butantan investirão pelo menos R$ 200 milhões em micro, pequenas e médias empresas inovadoras na área de saúde. A parceria foi anunciada nesta segunda-feira (7).
O esforço conjunto será para a criação de um Fundo de Investimento em Participação (FIP) que vai mirar em startups, empresas com potencial de inovação e grande uso de tecnologia. A intenção é o fortalecimento e adensamento tecnológico do ecossistema de inovação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde no Brasil, que faz parte da Nova Indústria Brasil (NIB), política de fomento industrial do governo federal.
O fundo poderá contar ainda com investidores externos interessados no setor. De acordo com o BNDES, a criação do FIP é uma forma de levar recursos a micro, pequenas e médias empresas que, “costumeiramente, têm acesso mais restrito a capital de risco”. Ainda de acordo como banco de fomento, por serem geridos por gestores especializados, os FIPs podem contribuir para o crescimento sustentável dessas companhias por meio do fortalecimento das estruturas de governança corporativa e introdução de melhores práticas de gestão.
300 mil mulheres morrem por ano na gravidez ou parto

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que quase 300 mil mulheres perdem a vida todos os anos em razão da gravidez ou do parto, enquanto mais de 2 milhões de bebês morrem ao longo do primeiro mês de vida e outros 2 milhões são natimortos (bebês que morrem após 20 semanas de gestação no útero ou durante o parto). Os dados foram apresentados na segunda (7), Dia Mundial da Saúde. “Isso representa aproximadamente uma morte evitável a cada sete segundos”, destacou a OMS.
Ainda segundo a organização, com base em tendências atuais, quatro em cada cinco países estão longe de atingir metas de melhoria da sobrevivência materna até 2030, enquanto um em cada três países não conseguirá atingir as metas de redução de mortes de recém-nascidos.
Apesar dos números, a OMS destaca que, desde o ano 2000, as mortes maternas caíram 40% em todo o planeta, enquanto os óbitos entre recém-nascidos registraram redução de pouco mais de 30%. Em 2000, 443 mil mulheres perderam a vida durante ou após o parto. Em 2015, o número caiu para 328 mil mulheres e, em 2023, para 260 mil mulheres. Segundo a OMS, em 2023, pela primeira vez na história, não houve um único país no mundo que se classificou como detentor de taxas extremamente altas de mortalidade materna.
Dados da OMS revelam ainda que, entre o ano 2000 e 2023, as taxas de acesso a cuidados pré-natais em todo o mundo subiram 21%. No mesmo período, as taxas de acesso a assistência qualificada durante o parto aumentaram 25% e as taxas de acesso a cuidados no pós-parto, 15%.
Estes resultados fizeram a OMS lançar uma campanha, com duração prevista de um ano, em favor do bem-estar materno e neonatal. O tema escolhido é Começos saudáveis, futuros esperançosos. “A campanha reforça que a forma como começamos a vida desempenha um papel importante para determinar tudo o que vem depois. Quando mulheres e recém-nascidos não apenas sobrevivem ao parto, mas mantêm boa saúde, isso beneficia famílias e comunidades e contribui para o desenvolvimento econômico e a estabilidade”, avaliou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.