Boletim de MR sobre medicina, inovação, saúde mental, negócios e políticas públicas
OMS alerta para epidemia de solidão
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira (15) um novo nível de atenção para com a solidão, que passa a ser considerada uma epidemia. Contra esse novo mal, foi lançada a Comissão Internacional para Conexão Social, que nos próximos três anos vai tratar o tema como ameaça global. A comissão é presidida em conjunto pelo enviado da Juventude da União Africana, Chido Mpemba, e pelo Cirurgião-Geral dos Estados Unidos, Vivek Murthy, que em maio apresentou uma pesquisa comprovando que a falta de ligações sociais aumentam o risco de ansiedade, depressão e suicídio. No início de novembro, o estado de Nova York nomeou a terapeuta sexual Ruth Westheimer sua primeira embaixadora da solidão. Em 2018, o Reino Unido nomeou o seu primeiro ministro para o assunto.
Reino Unido aprova terapias genéticas para duas anemia falciforme e talassemia beta
A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) do Reino Unido autorizou o uso do medicamento Casgevy no tratamento de anemia falciforme e de talassemia beta, ambas doenças genéticas hereditárias. O anúncio da Anvisa britânica ocorreu na quinta-feira (16). Desenvolvido pela farmacêutica Vertex, dos EUA, e pela biotech Crispr Therapeutics, da Suíça, o Casgevy é o primeiro medicamento licenciado que atua por meio da implantação de edição genética para atenuar os efeitos dolorosos e debilitantes de ambas as doenças crônicas. A tecnologia de “tesoura genética” utilizada é conhecida como CRISPR (sigla em inglês para Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) e permite eliminar a atuação de frações defeituosas de DNA no corpo humano. As inventoras desta tecnologia são as cientistas Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna, que ganharam o Prêmio Nobel da Química de 2012.
10 pontos para acabar com câncer cervical até 2040
Com a capacidade da rede pública britânica de prevenir e tratar casos de câncer cervical altamente comprometida, foi publicado na revista Lancet, na segunda-feira (14), um plano de dez pontos para estabelecer uma solução que pretende ser radical e sustentável. O principal problema é a demora no início dos tratamentos. De acordo com o estudo, entre janeiro a março deste ano, dos 45.681 pacientes diagnosticados, apenas 58,8% foram tratados dentro do prazo recomendados de 62 dias, enquanto nos demais casos essa média foi de 85%.
Acesse o plano contra o câncer cervical
O que MONEY REPORT publicou
- Número de mortes por calor extremo pode quintuplicar até 2050
- Onda de calor impulsiona bares e restaurantes com gastronomia leve
- Bem-estar movimentou R$ 27 trilhões
- Da África à Áustria, como enfrentar ondas de calor
- Mosca-da-carambola leva quatro estados à emergência fitossanitária
Mortes por calor podem quintuplicar até 2050
Um relatório publicado pela The Lancet, na terça-feira (14), alerta que o número de pessoas que correm risco de morrer devido aos efeitos do calor extremo pode quintuplicar nas próximas décadas. O estudo é global e afirma que, em um cenário de aumento médio da temperatura de 2ºC, na comparação com o período pré-industrial, os óbitos vinculadas ao aumento de temperatura podem aumentar em 4,7 vezes até 2050. O estudo destaca que, em média, as pessoas foram expostos a 86 dias de temperaturas potencialmente fatais em 2022. Também indica que o número de pessoas com mais de 65 anos que faleceram vítimas do calor extremo aumentou 85% entre os períodos de 1991-2000 e de 2013-2022.
Diabetes provoca mais de 28 amputações diárias no Brasil
O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 6.982 amputações de membros inferiores (pernas e pés) causadas por diabetes, entre janeiro e agosto deste ano. Na média são mais de 28 ocorrências por dia. Conforme o Ministério da Saúde, o número de amputações em 2022 (10.168) foi 3,9% superior ao total de 2021 (9.781), o que representou média de 27,85 cirurgias por dia, no ano passado, em unidades públicas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a doença já figura como a principal causa de amputação não traumática de membros inferiores. As amputações traumáticas são as que ocorrem em acidentes de trânsito ou de trabalho. A SBD aponta também que 13 milhões pessoas com diabetes têm úlceras nos pés, os chamados pés diabéticos, que podem resultar nestas amputações. Preocupada com o cenário, a Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé) alerta para essa complicação que pode atingir tanto pacientes com diabetes mellitus do tipo 1, como do 2. A entidade recomenda 10 medidas para quem sofre de pés diabéticos:
- Exame visual periódico dos pés pela própria pessoa, familiar ou profissional de saúde;
- Vestir meias brancas ou de cor clara, principalmente de algodão, para observar possíveis manchas de sangue no tecido;
- Em situações de baixa mobilidade ou sobrepeso, usar um espelho para verificar a sola dos pés;
- Evitar calçados apertados, duros, de plástico, de couro sintético, com bicos finos, saltos altos e sandálias que deixam os pés desprotegidos;
- Escolher sapatos confortáveis;
- Não usar calçados novos, por mais de uma hora por dia, até que estejam macios;
- Evitar andar descalço para não se machucar em batidas e topadas;
- Cortar as unhas dos pés com um profissional e não retirar calos ou cutículas;
- Manter os pés sempre aquecidos;
- Verificar a temperatura da água com o cotovelo antes de colocar os pés;
- Não usar bolsas de água quente;
- Hidratar os pés para evitar rachaduras que podem servir de acesso a infecções oportunistas;
- Enxugar a umidade entre os dedos para evitar frieiras;
- Não andar descalço no chão quente para evitar queimaduras; e
- Em caso de lesões, procurar um médico.
Teste contra chikungunya induz resposta imune de 99%
A vacina contra a chikungunya (VLA1553) desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva induz resposta imune em 98,8% dos adolescentes que integram a fase 3 do ensaio clínico conduzido no Brasil. Segundo o estudo, o imunizante também demonstrou um bom perfil de segurança mesmo em quem já sofreu da doença.As informações servirão de base para solicitar a aprovação do produto junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e à European Medicines Agency (EMA). A expectativa é submeter o pedido de aprovação no Brasil durante o primeiro semestre de 2024. Na última semana, a vacina foi aprovada para adultos pela agência reguladora dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), tornando-se o primeiro imunizante autorizado contra a chikungunya. O estudo brasileiro contou com 750 jovens de 12 a 17 anos que residem em áreas endêmicas nas cidades de São Paulo, São José do Rio Preto (SP), Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Laranjeiras (SE), Recife, Manaus, Campo Grande e Boa Vista. Entre os voluntários, 500 receberam uma dose da vacina e 250, placebo.