Nos últimos dias, falsas informações sobre a dengue têm se espalhado pelas redes sociais, trazendo riscos à saúde da população. De supostos tratamentos milagrosos a equívocos sobre vacinas, a propagação pode comprometer o combate à doença e atrasar o tratamento adequado. Diante de tanto perigo, o tema foi escolhido a Fake da Semana de MR.
Receitas caseiras e fórmulas manipuladas
Circulam postagens afirmando que a ingestão de bebidas, como caldo de cana, água de coco e isotônicos, combinadas a um medicamento manipulado contendo Eupatorium e Phosphorus, poderiam prevenir ou curar a dengue. É uma afirmação falsa.
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Médicos explicam que nenhum desses produtos tem eficácia comprovada cientificamente. A falta de evidências robustas sobre esses tratamentos coloca os pacientes em risco, agravando quadros mais sérios da doença e podendo levar à morte.
O Ministério da Saúde reforça que nenhum medicamento manipulado contendo Eupatorium, Phosphorus, Quina, Crotalus ou Gelsemium tem aprovação da Anvisa para o tratamento ou prevenção da dengue. Durante a pandemia, empresas dos Estados Unidos que ofereceram Eupatorium como um preventivo para a covid-19, foram alertadas pela Food and Drug Administration (FDA) que a prática era ilegal e enganosa aos consumidores. O único protocolo recomendado para o manejo da doença envolve hidratação adequada, repouso e acompanhamento médico.
A desinformação sobre vacinas
Outra fake news amplamente difundida sugere que as vacinas contra dengue e gripe conteriam grafeno e substâncias fluorescentes, o que é falso. O boato se originou de um vídeo em espanhol, no qual uma suposta especialista afirmava ter detectado esses componentes na vacina Qdenga, usando um microscópio óptico. No entanto, especialistas apontam que esse tipo de equipamento não tem capacidade para detectar moléculas de grafeno.
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A Takeda, fabricante da vacina Qdenga, esclareceu que a composição do imunizante inclui apenas cloreto de sódio e água para injeção, sem qualquer resquício de grafeno. Tanto a Anvisa quanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) asseguram a segurança e a eficácia da vacina, que tem proteção comprovada contra os quatro sorotipos da dengue.
Desde 2024, o SUS oferece a vacina gratuitamente para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo de maior vulnerabilidade às formas graves da doença. A desinformação sobre a vacina pode impactar negativamente a adesão da população e dificultar o controle da doença.
Combate ao Aedes aegypti
Uma terceira alegação falsa recentemente disseminada aponta que a Anvisa recomendou o uso de uma mistura de sal e cloro nos ralos das casas para combater o mosquito transmissor da dengue. O órgão desmentiu a informação e alertou que receitas caseiras como essa podem resultar em acidentes domésticos, causando irritações na pele e intoxicações.
O combate ao Aedes aegypti deve ser feito da maneira cientificamente comprovada: eliminando criadouros do mosquito. Isso envolve evitar o acúmulo de água parada em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas e piscinas sem manutenção, além de manter caixas d’água vedadas e calhas limpas.